“No casamento existem apenas obrigações e alguns direitos. Se os esposos não vivessem juntos, haveria mais casamentos felizes. Não é falta de amor, mas falta de amizade que faz casamentos infelizes“.

(por João Lemes)
No século XIX, as opiniões de filósofo alemão Friedrich Nietzsche sobre mulheres casadas e concubinas eram complexas e contraditórias.
Em suas obras, Nietzsche discutia a ideia de que as mulheres eram seres inferiores e que sua natureza as destinava a servir aos homens. Via as mulheres casadas como submissas aos seus maridos e, portanto, incapazes de serem livres.
Por outro lado, o pensador acreditava que as concubinas eram mulheres que haviam se libertado do domínio masculino, buscando a liberdade e a independência por meio de sua própria sexualidade.
No entanto, é importante notar que Nietzsche também discutia a importância da emancipação feminina, argumentando que as mulheres deveriam ser encorajadas a buscar sua independência e desenvolvimento intelectual. Acreditava que as mulheres tinham o potencial de se tornarem seres humanos superiores, mas que isso só seria possível se elas fossem capazes de superar a opressão social e cultural que as mantinham em desvantagem em relação aos homens.
Nietzsche não é um filósofo de uma razão “pura” kantiana, de sentenças analíticas absolutas, mas cético e talvez cínico frente a uma racionalidade global e universal objetiva. O criticar por suas posições “erradas” quanto a sexo, política ou coisa do gênero é não o entender. Seu posicionamento parte de constatações do seu tempo, o que esse dizia do sexo feminino se insere nisso… diante do que era a ação das mulheres em seu tempo, esse via inadequação e conduta reprovável, desajuste ao seu gênero biológico, conforme a sua visão de homem, que visava a emancipação humana de qualquer deus, doutrina ou forma de vida medíocre, indigna de ser vivida. Odeio leituras de Nietzsche que o querem acusar de aristocrata, machista ou outros rótulos do estilo, visando denegrir sua obra. Tudo que é politicamente incorreto em Nietzsche deve ser valorizado e compreendido, por ser justamente as piores constatações de sua razão “indisciplinada”, “transgressiva”.
O autor não desmereceu, nem denegriu a imagem do filósofo, apenas fez referência do seu pensamento à época.