Santiago – Os últimos dois verões foram de estiagem e perdas para os produtores rurais.
Em entrevista ao programa “A Pauta é”, o engenheiro agrônomo Dairton Lewandowski, chefe da Emater de Santiago, conta que chegou a afirmar, em 2022, que não veria uma seca tão severa tornar a acontecer.
No entanto, a de 2023, foi ainda mais forte e ele acompanhou de perto todo o drama de perdas com lavouras que não produziam, açudes que secavam, gado que perdia peso.
Com isso tudo, o sofrimento de quem faz da terra o seu local de trabalho, que muito depende da ajuda do céu.
El Nino
No segundo semestre do ano passado, o jogo mudou com a entrada do El Nino e chuvas intensas.
Tão intensas que houve cheias históricas de rios e que resultaram em transtornos para dezenas de cidades gaúchas.
E, conforme Dairton explicou para a jornalista Sandra Siqueira, a saturação do solo fez com que cada chuva torrencial encharcasse ainda mais o solo, prejudicando plantio e safra de diversas culturas.
É por isso que chegamos ao atual cenário em que há falta de maior oferta de hortaliças, de frutas e o encarecimento de diversos produtos, entre eles, o arroz.
E para 2024? Dairton acredita que o “pior já passou” e que o clima já deu uma trégua nas chuvas e que o ano promete ser propício para o plantio e a colheita.
Novas agroindústrias
A Emater é uma empresa que presta serviços para o Estado e possui parceria com os municípios para desenvolver o setor primário.
E em Santiago, a Emater é parceira de diversas iniciativas, estimulando o surgimento de agroindústrias.
Segundo Dairton, há duas novas surgindo, uma de produção de nozes e outra de azeitonas.
R$ 500 mil para a agricultura familiar
Dairton diz que uma iniciativa de grande sucesso que conta com o envolvimento da Emater é o PAA (Programa de Aquisição Alimentar), que é uma parceria entre o Governo Federal e o Município para estimular as famílias rurais.
A Emater entra na articulação junto aos produtores que vendem a sua produção e a Secretaria de Desenvolvimento Social organiza entregas gratuitas para famílias atendidas pelos CRAS, que recebem desde hortaliças, legumes, frutas e ainda produtos como farinha, queijo e outros, dependendo da demanda recebida.
Atualmente, o PAA está finalizando um valor de R$ 140 mil, de recursos próprios do município e depois terá um aporte de R$ 500 mil, do Governo Federal.
Um crescimento histórico em investimento na agricultura familiar local.
Mel salgado
“Que o mel é doce, é coisa que eu me nego afirmar; mas que parece doce, isso eu afirmo plenamente”, disse Raul Seixas.
No entanto, esse alimento tão apreciado e saudável está chegando aos consumidores um pouco mais salgado.
Não no sabor, mas no preço. Dairton diz que a produção em Santiago é das melhores do Brasil, pela qualidade e capacidade de exportação.
No entanto, o excesso de chuva prejudicou os apicultores devido a diminuição da floração.
“O excesso de água retira o pólen, que é alimento e matéria-prima para as abelhas produzirem o mel, que é também seu alimento”, explicou.
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