Após 20 anos em cativeiro, homem provoca incêndio para ser resgatado

Mantido em cativeiro pelo próprio pai e pela madrasta desde os 12 anos, ele só conseguiu ser libertado após uma atitude extrema: provocar um incêndio na residência para chamar a atenção das autoridades.

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Estados Unidos – Um homem de 32 anos foi resgatado de condições desumanas em fevereiro deste ano, após viver trancado por duas décadas em um quarto de apenas 6 metros quadrados, em uma casa na cidade de Waterbury, no estado americano de Connecticut. Mantido em cativeiro pelo próprio pai e pela madrasta desde os 12 anos, ele só conseguiu ser libertado após uma atitude extrema: provocar um incêndio na residência para chamar a atenção das autoridades.

O resgate ocorreu em 17 de fevereiro. Quando os bombeiros chegaram ao local, encontraram o homem em estado crítico, pesando apenas 31 quilos, extremamente debilitado, desnutrido e sujo. Um dos agentes relatou que ele era tão leve que parecia não carregar nada ao tirá-lo da casa. Na ambulância, enquanto recebia oxigênio, o rapaz revelou sua identidade e começou a contar sua história. Em um tom de desculpas, comentou que fazia mais de um ano que não tomava banho.

Ele relatou que, desde a infância, vivia trancado em um pequeno quarto no segundo andar da casa, onde passava cerca de 23 horas por dia. Era forçado a urinar pela janela e a defecar sobre jornais, sem qualquer acesso a médicos, escola ou ao mundo exterior. Em alguns dias, recebia apenas um sanduíche como refeição. Seus dentes estavam tão danificados pela falta de cuidados que se quebravam ao mastigar.

A fuga aconteceu após ele encontrar um velho casaco deixado pela madrasta. No bolso, havia um isqueiro — a chance que ele esperava. Em um gesto desesperado, o homem ateou fogo ao próprio quarto. Ele sabia que poderia morrer no incêndio, mas também viu ali sua única chance de escapar do sofrimento e chamar atenção para o que vivia há 20 anos.

A história provocou comoção e indignação na cidade. Muitos vizinhos, ex-professores e colegas de escola já haviam alertado autoridades sobre o desaparecimento e as suspeitas de maus-tratos. Durante a infância, ele era visto revirando lixeiras por comida e roubando lanche de colegas, o que levou professores a notificarem o Departamento de Crianças e Famílias de Connecticut e a polícia. No entanto, os registros mostram que, apesar dos alertas, nenhuma providência efetiva foi tomada, e a última visita policial à casa aconteceu em 2005 — após o pai reclamar que estava sendo assediado por fiscalizações constantes.

Naquele mesmo ano, o menino foi retirado da escola sob a justificativa de que seria educado em casa, mas, segundo o próprio relato, recebeu poucos exercícios escolares antes de ser totalmente privado de qualquer educação.

A madrasta, Kimberly Sullivan, de 57 anos, foi indiciada no Tribunal Superior de Waterbury no mês passado. Ela responde por crimes como sequestro, agressão, crueldade com pessoas dependentes, restrição ilegal e negligência criminosa. Caso seja condenada por todas as acusações, pode passar o resto da vida na prisão. Ela se declarou inocente e, por meio de seu advogado, atribuiu ao pai biológico toda a responsabilidade pela situação. O pai, Kregg Sullivan, morreu em janeiro de 2024. A mãe biológica do rapaz havia perdido a guarda dele anos antes.

Além da vítima, o casal tinha duas filhas, que, segundo relatos, viviam normalmente na casa, com liberdade de sair e circular — em contraste absoluto com a prisão imposta ao enteado.

O caso segue em investigação e reacendeu o debate sobre a eficácia dos sistemas de proteção à infância nos Estados Unidos.

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