Por que os jovens lideram os pedidos de demissão voluntária no RS?

A nova geração prioriza saúde, propósito e equilíbrio entre vida e trabalho

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O mercado de trabalho no RS vem sendo redesenhado por uma geração que prioriza qualidade de vida e propósito. Dados do Novo Caged mostram que, no período de 12 meses encerrado em fevereiro, 45,25% das demissões entre trabalhadores de até 29 anos foram voluntárias — o maior índice em cinco anos. Entre os que têm de 18 a 24 anos, o percentual chega a 46,3%. Keila Machado, de 19 anos, é um exemplo disso: trocou três vezes de emprego em menos de um ano por questões de horário, deslocamento e objetivo profissional.

Equilíbrio e propósito acima do salário

Mais do que estabilidade ou salário, os jovens demonstram estar mais atentos ao impacto do trabalho em sua saúde mental, física e nos seus planos de vida. Eduarda Andrade, 26, trocou uma lanchonete por um cargo de recepcionista com salário menor, mas que lhe permitia estudar. Já Manoela Costa, 25, cansou das rotinas instáveis das escolas e passou a dar aulas de inglês de forma autônoma, priorizando paz de espírito e valorização. A geração que questiona também é a que não aceita sobrecarga como regra.

Transformações estruturais e digitais

Especialistas apontam que a digitalização do trabalho, o surgimento de modelos híbridos e remotos e o acesso constante a novas oportunidades ajudam a explicar esse comportamento. “Os jovens têm maior disposição para transições frequentes e facilidade de adaptação”, afirma o economista Bruno Imaizumi. Judith Ferran, da PUCRS, reforça que o conceito de fidelidade a um único emprego já não é dominante entre os mais novos, que não hesitam em buscar trocas quando não se sentem reconhecidos.

Desafios para empresas: reter talentos exige mudança

A rotatividade não pesa apenas nos trabalhadores: as empresas também sofrem. Isabel Degrazia, da ABRH-RS, alerta que muitos empregadores ainda não estão preparados para lidar com esse perfil jovem. Ela defende que lideranças sejam treinadas para criar ambientes de confiança e crescimento. Ferran recomenda mais critério na seleção para alinhar perfil e vaga. Já Imaizumi lembra que a rotatividade tem custos e que, sem oferecer melhores condições e propósito, as empresas continuarão perdendo talentos.


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