São Gabriel – RS – Um novo capítulo, marcado por contradições e silêncio oficial, envolve a morte da menina Isabelly Carvalho Brezzolin, de 11 anos. O caso, que gerou revolta na cidade e levou à prisão dos pais, agora é cercado por dúvidas após o laudo da necropsia apontar uma causa bem diferente daquela inicialmente divulgada. Segundo o documento, Isabelly morreu em decorrência de uma sepse causada por pneumonia, sem sinais de espancamento ou violência sexual.
A informação, obtida por veículos de imprensa, contradiz o que a polícia havia informado no início do caso, quando a menina deu entrada na Santa Casa de São Gabriel. Na ocasião, foram divulgados relatos de fraturas, perfuração pulmonar e possíveis indícios de abuso sexual. Contudo, em nota oficial emitida nesta segunda-feira (13), o hospital negou qualquer fratura ou evidência de agressão sexual nos exames iniciais. A equipe médica apontou apenas um quadro de pneumotórax, tratável com drenagem, e providenciou a transferência da paciente para Santa Maria.
NOTA DA SANTA CASA
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE TÓRAX
INFORMAÇÃO CLÍNICA: suspeita de trauma.
TÉCNICA DO EXAME: Exame realizado com cortes axiais em aparelho MULTISLICE, sem a
injeção de contraste endovenoso, sendo os seguintes aspectos observados:
Observa-se a presença de um pneumotórax a direita;
Existem alterações parenquimatosas no lobo inferior do pulmão direito com bronquiectasias e escavações associadas. Existem também opacidades parenquimatosas no lobo inferior do pulmão direito; Existe um pequeno derrame pleural a direita;
Leve infiltrado no interstício pulmonar a esquerda;
Presença de dreno interposto no hemitórax direito;
Traqueia e brônquios principais pérvios, observando-se a presença de um tubo traqueal;
Aorta e cava superior sem particularidades;
Tronco da artéria pulmonar e seus ramos principais tem dimensões usuais;
Volume cardíaco dentro da normalidade;
Parede torácica sem alterações.
Dr. Ricardo Lannes C
Diante da reviravolta, a Polícia decretou sigilo nas investigações
O delegado Daniel Severo afirmou que ainda não teve acesso oficial ao laudo do IGP e aguarda também o resultado da perícia realizada na casa da família. O delegado regional André Matos confirmou que a medida visa proteger o andamento das diligências diante das inconsistências entre versões. O inquérito deve ser encerrado até o dia 17 de maio.
Enquanto isso, os pais seguem presos. A defesa da mãe, Elisa Oliveira, avalia pedir liberdade. O pai, José Lindomar Brezzolin, estaria sendo representado pela Defensoria Pública. O caso, que chocou a comunidade inicialmente pelo suposto crime bárbaro, agora exige cautela, apuração rigorosa e respeito à verdade — seja ela qual for.
EM TEMPO – A defesa de Elisa Carvalho informou que ela foi transferida para um presídio em outra cidade. O local não foi informado para proteger a integridade da cliente. Elisa é mãe de Isabelly Carvalho.
Confira a nota da defesa na íntegra:
“A defesa de ELISA, mãe de Isabelly Brezzolin, exercida pela advogada criminalista Rebeca Canabarro (OAB/RS 134.374) e o bacharel em direito Andrei Nobre (OAB/RS53E114), vem, publicamente, manifestar-se a respeito das notícias obtidas exclusivamente pela mídia a respeito do laudo da necropsia do corpo, produzido pelo IGP, o qual aduz que “a morte ocorreu por complicações sépticas de pneumonia, sem nenhum
sinal de trauma por violência sofrida e nenhum sinal de violência sexual”.
Ressaltamos que referido laudo ainda não aportou nos autos do inquérito policial, já tendo a defesa requerido sua remessa para a delegacia de São Gabriel, no dia 12 de maio de 2025. Todavia, até o momento não houve retorno da delegacia. Deste modo, aguardamos acesso ao documento para posicionamento oficial da defesa.
Importante mencionar que, muito embora referido inquérito policial, desde sua origem, tramite sob extremo sigilo no sistema eproc (nível 3), nota-se que a autoridade policial não poupou esforços em comunicar às linhas investigativas e trechos de depoimentos. Consequentemente, gerou-se um fervor popular pela automática condenação e linchamento da investigada. De forma direta, em conjunto com a privação de sua liberdade e pelo iminente risco de sua segurança, a defesa logrou êxito em obter a transferência de casa prisional, sendo esta, a terceira, desde que decretada sua prisão.
Todavia, ressaltamos que, com base nas informações exclusivas obtidas pela mídia, o laudo pericial do IGP reforça o posicionamento inicial da defesa, qual seja: a inocência da investigada, afirmação que ecoa em inúmeros outros elementos informativos produzidos no inquérito policial.
Tendo em vista que Elisa no momento encontra-se presa preventivamente, pela acusação da suposta prática de abuso sexual e maus tratos, a defesa aguarda a apreciação do pedido de liberdade da investigada, o qual será alvo de parecer do Ministério Público e posteriormente decidido pela magistrada da comarca de São Gabriel.”
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