São Chico na disputa: ritmo bugio será patrimônio imaterial do RS

O gênero musical tem origem ligada ao som do macaco bugio e gera disputa entre duas cidades

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São Francisco de Assis, RS – Considerado o único gênero musical regionalista criado no próprio RS, o bugio será reconhecido oficialmente como patrimônio cultural imaterial do Estado. O título será concedido nesta terça (12) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), em cerimônia que contará com a presença de representantes de São Francisco de Assis e São Francisco de Paula — cidades que reivindicam a origem do ritmo.

As duas cidades promovem festivais dedicados exclusivamente ao gênero: a Querência do Bugio, em São Francisco de Assis, e o Ronco do Bugio, em São Francisco de Paula. Apesar da rivalidade, ambas uniram esforços para o reconhecimento e até prepararam uma música inédita, composta por artistas dos dois municípios, que será apresentada na cerimônia.

Inspirado no ronco do macaco

A inspiração para o bugio veio do som característico do macaco bugio, presente em diversas regiões gaúchas. Gaiteiros, em tom de brincadeira, tentavam reproduzir o “ronco” do animal no instrumento — uma marca que se tornou característica do gênero.

Segundo o músico, luthier e pesquisador Israel da Sóis Sgarbi, autor do livro O Ritmo Musical do Bugiu (escrito com “u” para diferenciar do animal), há registros dessas imitações desde o século 19. No início, o bugio era uma manifestação popular tocada em pequenas festas e encontros informais, com melodias simples em gaitas de botão. A dança também imitava o andar do macaco.

Por seu caráter popular, o ritmo chegou a ser proibido em bailes da elite gaúcha, mas acabou conquistando o Estado. “São Francisco de Paula e São Francisco de Assis têm as histórias mais convincentes sobre a origem, mas o bugio é filho do Rio Grande. Se tivesse que apontar o lugar exato, diria que nasceu no fole de uma gaita”, brinca Sgarbi.

Versões sobre a origem

Regis Lançanova, gaiteiro e assessor cultural de São Francisco de Assis, afirma que o primeiro a tocar bugio teria sido Wenceslau da Silva Gomes, o Neneca Gomes, no início do século 20. Segundo ele, o músico costumava deitar sob as árvores para ouvir os macacos e depois tentar reproduzir o som na gaita. O ritmo, mais tarde, foi popularizado por grupos como os Irmãos Bertussi e se espalhou pelo Estado.

Independentemente de onde nasceu, o bugio hoje é símbolo da cultura gaúcha e, a partir desta semana, passa a integrar oficialmente o patrimônio imaterial do Rio Grande do Sul.

O bugio, além de imitar o som do macaco na música, reproduz na dança seus movimentos, com curvaturas de tronco e “pulinhos” que lembram o animal. Apesar de, nos bailes, muitas vezes ser dançado como vaneira, nos concursos as características originais são exigidas e avaliadas. Para o MTG, esses eventos e o reconhecimento como patrimônio imaterial ajudam a preservar e valorizar o gênero.

São Francisco de Paula e São Francisco de Assis veem na patrimonialização uma oportunidade de reforçar seus festivais e atrair turistas, trabalhando a história do bugio em escolas e eventos. Pesquisadores acreditam que o título estadual pode abrir caminho para o reconhecimento nacional e até internacional, destacando o bugio como expressão cultural única do RS.

Fonte: GZH


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