(João Lemes) Na Grande São Paulo, morre um motoboy por dia. Um. Todo santo dia. É como se a cidade, de forma metódica e silenciosa, riscasse um nome da lista. E ninguém se espanta. Não há manchete, não há luto coletivo, não há comoção. É o preço da pressa, da entrega, do “chega em 15 minutos”. Um preço alto demais pago com a vida de quem vive em cima de duas rodas.
No primeiro trimestre, foram 108 mortes só na capital
Aumentou 25% em relação ao ano passado. E não estamos nem falando dos que escapam com sequelas: fraturas, traumas, amputações. Gente moída pelo asfalto. A rotina é absurda: turnos exaustivos, metas impagáveis, motos mal conservadas, e ainda por cima o trânsito mais cruel do país. Quer mais? Tem. As plataformas pressionam e os motoristas de carros ignoram. Quando não atropelam, fecham. Quando não fecham, fingem que não veem. Mas veem. Só não se importam.
A Justiça decidiu proibir o mototáxi em São Paulo
O motivo? A mortandade. E mesmo proibido, ele segue circulando — sem segurança, sem estrutura, sem lei. A 99 e a Uber fingem que é inovação, mas só empurram mais trabalhadores pra cova. Enquanto isso, a prefeitura tenta, com a Faixa Azul e campanhas educativas, salvar o que pode. Mas não adianta pintar faixa sem mudar a lógica. Motoboy não é número de protocolo. É gente. Tem rosto, família, CPF. E tem pressa — mas não quer morrer por ela.
É preciso parar de normalizar essa carnificina
O Estado precisa agir. A Justiça precisa fazer valer a proibição com força. E nós, enquanto sociedade, precisamos olhar pro motoboy como parte essencial da cidade — não como obstáculo no retrovisor. Um motoboy por dia é mais que uma estatística. É uma vergonha. E enquanto nada mudar, o asfalto continuará cobrando vidas — rápidas, baratas e esquecidas.
Acompanhe o NP pelas redes sociais:
- Tiktok: @np.expresso
- Comunidade no WhatsApp: Clique Aqui
- Instagram: npexpresso
- acebook: NPExpresso