Campo Novo – RS – Roubaram o sino da capela do Sítio Bindé. Não foi fio de cobre, não foi gado, não foi bateria de trator. Foi o sino. Um objeto de quase 100 anos, que marcava batizados, casamentos, despedidas e celebrações da pequena comunidade de 13 moradores. Levaram o tempo, levaram a memória. E ninguém viu.
O crime foi percebido na tarde de quinta (24), mas provavelmente ocorreu na calada da noite, como fazem os que sabem bem o que estão tirando. Não só um objeto de metal, mas um símbolo de identidade de um povo que ainda trata as coisas com o valor do cuidado.
Nem o sagrado escapa
É o segundo caso parecido na região. E se tem gente especializada em furtar sinos de igreja, é porque o país falhou em vários níveis. Falhou em garantir segurança, falhou em garantir valores. E agora falha em explicar como um sino some de uma torre inteira sem deixar vestígio, apenas marcas de arrasto no chão.
Eva da Cruz, agricultora, disse tudo: “Tantos anos cuidando aqui, pra acontecer uma coisa dessas.” E Darzeli Silva completou: “Veio lá de fora, no tempo da carroça.” Eles falam com a dor de quem não perdeu um bem — perdeu uma história.
A fé resiste, mas sangra
O Araponga lamenta profundamente o ocorrido. Em tempos em que igrejas viram alvos, não por conflito ideológico, mas por desrespeito e desordem, até o sino é saqueado. O barulho que fazia falta agora virou silêncio. Um silêncio cúmplice da impunidade. (Gaúcha)
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