Santiago – Há mais de cinco décadas, a santiaguense Marlene Ferreira dos Santos faz o mesmo caminho “de casa para o trabalho”. É que ela está há mais de 50 anos na mesma empresa, algo muito raro nos dias atuais.

Marlene faz parte da construtora Lopes Peixoto, que ela define como sua segunda família e já está em seu terceiro comando administrativo, e seguiu firme com essa rara funcionária que é chamada de “viga-mestra”.

Sua ousadia lhe valeu uma indicação

Marlene contou que começou por acaso, pois ela ainda estudava contabilidade e foi convidada a deixar um currículo no setor administrativo da Cooperativa Tritícola, isso em meados de 1970.

Gastou sola de sapato e dinheiro para fazer as cópias de documentações solicitadas, parecia que sua contratação era certa. No entanto, uma outra pessoa foi contratada. Marlene foi até lá exigir que lhe reçarcissem pelo gasto.

Sua ousadia lhe valeu uma indicação para outra vaga e ela foi trabalhar com o senhor Odilon Gomes Peixoto, pai de Marco, Julia, Paulo e Cássio Peixoto, que veio a se tornar o seu patrão, anos depois quando ele assumiu a firma.

Cássio era engenheiro e estava tendo cada vez mais trabalho em Santiago e região, expandindo a atuação do escritório do pai, que lidava com negócios rurais e se converteu para a área de construções.

Na empresa, Marlene era responsável pela parte de contabilidade e administrativa, mas também pegava na vassoura e fazia o que precissasse.

Essa característica fez com que Marlene conquistasse a confiança dos patrões e é algo que ela sempre observa quando é para contratar alguém: se a pessoa está disposta a trabalhar.

Uma curiosidade, segundo Marlene, é que naquela época, com exceção das professoras, poucas mulheres trabalhavam fora do lar. E que ela acabou fazendo parte de uma geração que fez essa diferença.

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Incentivo e reconhecimento

Cássio Peixoto é um grande amigo que lhe deu oportunidade de crescer. Marlene, por sua vez, sempre foi fiel ao patrão, tendo lhe apoiado quando concorreu a prefeito.

Lembrou quando ele e o irmão estavam em disputa na mesma campanha. Os pais dos dois decidiram cada um votar num filho. A mãe, Mary, em Paulo. E o pai, Odilon, em Cássio.

Numa oportunidade, viu a mãe deles pedindo voto para o seu candidato no escritório. Com bom humor, alertou que ali só poderia pedir votos para o Cássio.

Hoje Lopes Peixoto está sob a administração de Guilherme Brider Peixoto, neto do fundador. Marlene diz que gosta dele como filho. E que tem duas famílias.

Propostas

Marlene diz que chegou a receber propostas para trabalhar em outros lugares, ficando com o coração dividido entre a firma que amava e a oportunidade de ganhar mais.

Mas o Cássio não se furtava e cobria a proposta para que a sua amiga e “viga mestra” da empresa ficasse. Recebeu todo o incentivo para se tornar uma corretora, sendo uma das fundadores do Creci no município.

Momentos difíceis

Marlene foi casada com ferroviário Timóteo dos Santos. Com ele, teve três filhos homens. Houve três fatos difíceis: o tratamento contra o câncer, depois a perda de um dos filhos e também do marido.

Atualmente ela procura manter a família unida. Desenvolveu o gosto pelo espiritismo. Marlene disse que também gosta de viajar, de dançar, fazer festa durante o Carnaval, e também de fazer pilates mas não é muito chegada em cozinhar.

Aos 78 anos, não pensa em se aposentar. Segue firme, agora trabalhando pelo sucesso do Garden Club.

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