
Com o desconto na tributação dos automóveis em vigor, o tema do carro popular voltou a ser discutido no Brasil. No entanto, as condições econômicas atuais são bem diferentes das do passado, quando era possível comprar um icônico Gol “bolinha” 1995, a segunda geração do hatch da Volkswagen, por cerca de R$ 12 mil.
Ao longo das décadas, o preço do Gol foi subindo gradualmente e chegou perto dos R$ 80 mil, o que inclusive levou ao seu fim no mercado no ano passado, após 42 anos de história.
O Gol foi lançado com a proposta de oferecer um conjunto honesto de equipamentos por um preço mais baixo. Mesmo quando saiu de linha, ainda existiam versões menos equipadas, com motor 1.0 e sem ar-condicionado. O modelo usado como exemplo aqui, o Gol 1.6 CLi 1995, custava cerca de R$ 12 mil na época, ou seja, mais de seis vezes menos do que a última versão do Gol.
Considerando a correção da inflação, o mesmo Gol hoje custaria quase R$ 77 mil. Em comparação, esse valor é quase R$ 20 mil mais alto do que os carros novos mais baratos do momento, o Fiat Mobi e o Renault Kwid, que são vendidos por R$ 58.990 com os descontos do governo e das montadoras.
O Gol 1.6 CLi 1995 era mais bem equipado, vindo de fábrica com direção hidráulica, ar-condicionado, travamento elétrico das portas e vidros dianteiros elétricos. Além disso, possuía um motor mais potente, com 104 cavalos no etanol, em comparação aos 76 cavalos da versão 1.0.
Além do ajuste pela inflação, é importante lembrar que nos anos 1990 era comum encontrar carros com recursos de segurança básicos. Equipamentos que são obrigatórios atualmente, como airbags, eram reservados apenas para carros mais caros. Com isso, mesmo os modelos considerados populares atualmente, como o Kwid e o Mobi, ficaram mais caros com a inclusão de pacotes de segurança mais completos e novas tecnologias, como bluetooth, portas USB, controle de estabilidade e tração, coisas impensáveis nos tempos áureos do Gol e do Fiat Uno.

O poder de compra dos brasileiros também diminuiu, o que contribuiu para a queda nas vendas dos carros populares modernos. Mesmo com os incentivos do governo e os descontos das montadoras, um trabalhador que recebe um salário mínimo precisaria de quase quatro anos de trabalho para juntar o valor necessário para comprar um Renault Kwid ou Fiat Mobi novo.
Fonte: olhar digital


