(Fabrício Carpinejar)
Seis feminicídios no RS aconteceram em menos de 24h, na sexta-feira (18). Seis mortes brutais em seis cidades: Viamão, Santa Cruz do Sul, Bento Gonçalves, Parobé, Feliz e São Gabriel.
O estado mostra-se profundamente adoecido de machismo e misoginia. Da madrugada à tarde, das balas às facas, os crimes se espalharam como uma epidemia de ódio pelas principais regiões: Metropolitana, Serra, Vales do Rio Pardo, Paranhana, Caí e Fronteira Oeste.
Todos os suspeitos são maridos ou ex-namorados. Ou não aceitavam o fim da relação, ou não admitiam divergências, ou sofriam de ciúme.
A vida das mulheres gaúchas está em perigo, não anda valendo nada. É isso que é dito, na ameaça que se transforma em execução a sangue-frio:
— Você não vale nada.
Nenhum mandamento sagrado da existência é respeitado. Em Parobé, Caroline Machado Dorneles, 25 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-companheiro. Sequer a gestação de três meses inibiu a truculência, numa crueldade extrema. Acredito que Caroline não chegou a se defender, tentou em vão proteger o ventre do ataque.

O que dizer de Juliana Proença, 47 anos, em São Gabriel? Golpeada na frente da filha de 6 anos pelo ex-namorado, que não teve piedade da pequena testemunha.
Seis feminicídios em um único dia é a média de um mês inteiro em 2024. Um pico alarmante, que escancara a cultura de extermínio de um gênero.
É necessário repensar as leis brandas e redobrar as medidas protetivas.
Nem quando os ex vão embora, as mulheres recuperam sua paz. É na ruptura que irrompe o inferno da perseguição. Alguns homens só não matam porque passaram a se relacionar com novas presas.
Diante da carnificina em andamento, não é possível alegar que é exceção.
Entre as vítimas, duas tinham pouco mais de 20 anos, quatro ultrapassavam os 50. Justamente nos momentos em que começavam ou recomeçavam a vida amorosa — com uma imensa dificuldade, devido à violência doméstica, para abandonar um namoro ou o casamento.
Numa Sexta-Feira da Paixão, por absoluta maldade, seis mulheres não estão mais com suas famílias para a Páscoa. Nunca mais estarão. Não haverá domingo de ressurreição para elas.
Em @gzhdigital
Sexta Santa manchada de sangue: 6 mulheres foram assassinadas em um dia no RS
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