
De acordo com o Mapa do Ensino Superior no Brasil, mais de 55% dos alunos que ingressam na faculdade no país não concluem seus cursos. Na área de Tecnologia da Informação (TI), incluindo Ciência da Computação, Design de Games e Sistemas de Informação, a taxa de abandono é ainda maior, com 6 em cada 10 estudantes deixando os cursos antes de concluí-los.
Especialistas apontam o mercado de trabalho aquecido, que emprega sem exigir diploma, e a falta de atualização dos currículos como razões pelas quais os jovens não veem sentido em completar uma graduação em TI.
Os dados revelam que a evasão é mais alta em instituições de ensino privadas (59%), mas também é significativa em universidades públicas (40,3%), conhecidas por sua excelência. Além disso, os cursos a distância (EAD) apresentam taxas de abandono maiores do que os cursos presenciais. Nos últimos anos, houve um aumento significativo na oferta de cursos EAD no Brasil, atrativos devido aos preços mais baixos, o que levanta questões sobre a qualidade da formação.
A área com a menor taxa de desistência é Medicina, que envolve cursos caros em universidades privadas e processos seletivos competitivos, tornando-o uma escolha mais ponderada. Apenas 18% dos estudantes de Medicina abandonam seus cursos.
No entanto, nas áreas de TI, o índice de desistência chega a 65,5%, sendo que Design de Games (75,9% de abandono) e Banco de Dados EAD (72,7% de abandono) são os cursos com maior taxa de evasão. Especialistas recomendam que as instituições estabeleçam parcerias com empresas de tecnologia para incluir as demandas do mercado nos currículos, tornando os cursos mais atrativos.
É sugerido que as universidades repensem seus currículos de TI, com a inclusão de disciplinas ministradas dentro das empresas, com certificações. Além disso, acredita-se que os jovens que optam por formações estritamente técnicas possam enfrentar dificuldades futuras relacionadas a habilidades comportamentais e competências necessárias no ambiente de trabalho, as quais são desenvolvidas em cursos superiores de qualidade.
Principais números:
- 55,5% dos alunos que iniciaram a faculdade em 2017 no Brasil abandonaram até 2021.
- A desistência é maior em instituições privadas (59%) do que em instituições públicas (40,3%).
- Na área de TI, 66,5% dos estudantes desistem antes de concluir o curso.
- Medicina tem a menor taxa de desistência, com apenas 18% dos estudantes abandonando.
- Em Direito, a taxa de abandono é de 52,1%, e nas Engenharias, 56,5%.
- Atualmente, há 468 mil estudantes cursando TI no ensino superior, com os cursos mais procurados sendo Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Gestão de Tecnologia da Informação.
- O crescimento dos cursos EAD na área de TI foi de 26,6% entre 2020 e 2021, sendo que 92,6% dos cursos não presenciais estão na rede privada.
- A modalidade a distância representa 62,8% dos estudantes do ensino superior no Brasil.
- A área de TI apresentou um aumento de 45% no número de alunos em cursos presenciais entre 2020 e 2021.
- Além de TI, as áreas de Engenharia também têm alta taxa de desistência, com 56,3% dos estudantes não concluindo o curso desde o ingresso em 2017. Nas universidades privadas, a taxa de desistência é ainda maior em todas as áreas, chegando a 63% nas Engenharias e 54,2% em Direito e Pedagogia.
Outro fator que contribui para a desistência é a falta de qualidade na educação básica, resultando em uma formação insuficiente em áreas de exatas, o que dificulta o acompanhamento dos cursos superiores de tecnologia. Apenas 5% dos estudantes brasileiros concluem o ensino médio com desempenho considerado adequado em Matemática, segundo avaliações do Ministério da Educação (MEC).
Fonte: Estadão