São Gabriel – RS – “Foi no impulso, não pensei em mais nada.” A frase dita por Rafael Saidelles à reportagem do Diário de Santa Maria resume o que é ser pai de verdade. E também o que é ser policial de verdade. Com mais de 18 anos de serviço na Brigada Militar, ele largou tudo: dor, medo, frio, lógica, e se jogou de uma ponte para salvar o próprio filho e o sogro. Cena de filme? Não. Realidade da ponte do Pedroso, em São Gabriel.
O que era para ser um simples retorno para casa após um final de semana de descanso se tornou um momento de tensão extrema, porém com um desfecho feliz. No início da noite do último domingo (1º), Rafael Saidelles Martins, 43 anos, precisou pular da ponte para salvar seu filho mais velho e o sogro.
A família estava dividida em dois automóveis. Enquanto o sogro Milton Henriques, 72 anos e o filho mais velho, Milton Martins, 16, iam em uma caminhonete na frente, ele, a sogra, a esposa e os outros dois filhos mais novos estavam atrás, em um carro. Ao passaram pelo local, a caminhonete caiu e ficou com a cabine submersa.
“Achei que a altura fosse menor”
A frase guarda o desespero e a urgência. A caminhonete havia despencado da ponte, virado com as rodas para cima e submergido. Sem pensar, ele saltou direto sobre o carro. Rompeu ligamentos, sofreu queimaduras, machucou o pé. Mas salvou. Primeiro o sogro, depois o filho. O garoto de 16 anos ainda disse, de dentro da cabine alagada: “Tô bem, salva o vô”. Que cena. Que soco no estômago.
A imagem que não sai da cabeça
“Fecho os olhos e lembro da caminhonete caindo da ponte.” O policial que já encarou mil pressões nas ruas define esse como o resgate mais difícil da vida. Difícil duvidar. Difícil também não admirar. Porque nem todo herói usa capa, alguns vestem farda, têm filhos, sogros e cicatrizes. E, como o Rafael, pulam quando todo mundo congela.
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