Nacional – O Instituto Butantan recebeu autorização da Anvisa nesta terça-feira (1º) para começar os testes em humanos com sua vacina experimental contra a gripe aviária do tipo H5N8. A nova etapa dos estudos prevê o recrutamento de 700 voluntários adultos e idosos nos próximos meses, em cinco centros de pesquisa espalhados pelo país.
O pedido de liberação havia sido feito há cerca de 10 meses, depois de testes em animais que mostraram bons resultados quanto à segurança e eficácia da vacina. Agora, os pesquisadores vão avaliar se a fórmula é segura e capaz de gerar resposta imunológica em humanos.
A vacina será aplicada em duas doses, por via intramuscular, com intervalo de 21 dias entre as aplicações. Os resultados serão comparados com os de um grupo que receberá placebo.
Como será a pesquisa
A primeira etapa do estudo contará com 70 adultos (entre 18 e 59 anos) em um centro de pesquisa em Recife (PE). Depois da aplicação da primeira dose, os dados de segurança serão analisados.
Se tudo correr bem, mais 280 adultos serão recrutados para receber as doses em centros localizados em São Paulo (SP), São José do Rio Preto (SP), Ribeirão Preto (SP) e Belo Horizonte (MG).
Com nova aprovação da segurança, começa a fase 2, voltada para idosos com 60 anos ou mais. Primeiro, 70 serão vacinados. Em seguida, mais 350 voluntários idosos serão incluídos no estudo.
A expectativa do Butantan é concluir o acompanhamento de todos os participantes até 2026 e, com os dados, apresentar à Anvisa um pedido de uso que abranja uma ampla faixa etária.
Por que a vacina é importante
A gripe aviária em humanos ainda é considerada rara, e os casos geralmente ocorrem após contato direto com aves infectadas ou seus excrementos. No entanto, especialistas estão em alerta porque o vírus H5N1 tem apresentado mutações preocupantes.
Hoje, ele já infecta não apenas aves, mas também vacas e pessoas que tiveram contato com bovinos contaminados. Embora ainda não exista transmissão entre humanos, esse risco não está descartado.
“Ainda não vimos o vírus passar de pessoa para pessoa, mas ele já é transmitido entre aves, mamíferos e humanos. Existe um potencial real de ele adquirir essa capacidade, o que poderia causar uma nova pandemia”, alertou Paulo Lee Ho, pesquisador do Butantan e gerente de Desenvolvimento e Inovação de Produtos do instituto.
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