Em carta, eles justificam a rebelião que já “estava prevista”.
O Nova Pauta recebeu uma carta enviada por apenados do Presídio de Santiago. Eles ouviram o programa Expresso no Ar do último sábado, quando foi falado sobre a rebelião. Na carta, eles justificam o motim:
“Nós, reeducandos do Presídio Estadual de Santiago queremos saudar a todos os ouvintes do Expresso no Ar. Nós viemos de antemão esclarecer os fatos que resultaram na rebelião. Não adianta o Estado investir tanto na ressocialização dos apenados se não tem material humano competente, pessoas que só pensam em seus salários e não querem saber se vamos nos ressocializar ou não.
Achamos que quem deveria ser transferido teria que ser a própria direção do Presídio e o “chefe da disciplina”, além de uma parte dos agentes que induz a direção a levar os detentos com mentiras. Desta forma, como vamos nos reabilitar? Porque erramos, mas errar é humano e ninguém está livre disso.
Queremos voltar a ser úteis a nossos familiares. Grades não matam sonhos. A direção é carrasca. Problemas que são pequenos se resolvem conversando, mas aqui não. Só falam em castigo, em corte de horário de sol, de visitas. Fora que o alimento que o Estado nos fornece fica pra direção e pros agentes. Nós, ficamos com as sobras…
Médico? Só quando se está morrendo. Dentistas? São os agentes que se tratam em nosso lugar. A ex-administração e também a atual só querem saber dos salários e de suas oito horas de braços cruzados. As verbas vem para um fim, mas é destinado para outros. Não tem aqui uma escola, uma oficina profissionalizante.
Tinhamos um pedido, de que fosse construído um abrigo no pátio para recebermos nossos familiares, para não ficaram no sol e na chuva durante as visitas, como acontece. Por tudo isso, a rebelião já estava prevista para acontecer para chamar a atenção da sociedade, porque a direção não faz por onde…
E que despreparo destes jovens PMs que vêm pra guarita curar ressacas, com óculos de sombra para disfarçar. Nos provocam no horário de sol, apontando armas. E quando as apenadas pegam horário de sol só falta pular da guarita, parece que não conhecem mulher. O mesmo quando a gente recebe uma visita de mulher.
Na rebelião, temos provas de que os tiros foram reais. Se as autoridades deste país não compactuassem com a corrupção, ninguém ficaria impune. Deus é amor e justiça a todos.
Assinado: Reeducandos do Presídio de Santiago.” (A carta foi editada e corrigida).
