Gaza – A enfermeira brasileira Daniela Mota, de 32 anos, atua desde junho na Faixa de Gaza e descreve um cenário de colapso total, fome severa e bloqueio à entrada de ajuda humanitária. Em entrevista ao Metrópoles, ela relatou a rotina dentro de uma missão do Médicos Sem Fronteiras (MSF), onde chefia as atividades de enfermagem. “Nunca vi ajuda humanitária sendo impedida de atuar. A comida não entra, o combustível não chega”, afirmou.
Crianças e gestantes enfrentam crise nutricional grave
Daniela relatou casos frequentes de desnutrição severa. Um dos mais marcantes foi o de um bebê de 40 dias, que havia perdido o pai, sido abandonado pela mãe e só recebia água havia dois dias. A enfermeira conseguiu apenas uma lata de fórmula após horas de tentativas. “É muito pouco. Isso se repete todos os dias”, lamenta. Segundo ela, cerca de 90% da equipe do MSF é formada por palestinos, que também lidam com deslocamentos, fome e medo, mas seguem firmes no atendimento.
Guerra trava ajuda e deixa população sem saída
A guerra entre Israel e Hamas já deixou mais de 55 mil mortos. Apesar de negociações em Doha por um cessar-fogo de 60 dias, os ataques seguem. A ajuda internacional encontra bloqueios na entrada e muitas organizações suspenderam atividades por falta de segurança. Daniela afirma que há insumos a poucos quilômetros das áreas afetadas, mas que não conseguem ser entregues. “É revoltante. Nosso trabalho também é denunciar.”
“As pessoas precisam voltar a viver”
A brasileira diz que só sentirá o peso emocional da missão quando voltar para casa. Com passagens anteriores pelo Iraque e República Centro-Africana, ela afirma que a crise em Gaza é a mais extrema que já enfrentou. E faz um apelo: “A comunidade internacional não pode virar as costas. É preciso se mobilizar. Isso precisa acabar.”
Fonte: Metrópoles.
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