Morro Redondo-RS (região de Pelotas) – A cadela Lessie e o gato Xaropinho se tornaram uma família improvável na casa de Ivo Alves, um aposentado de 64 anos.

Lessie, uma cadela de dois anos e meio, adotou o pequeno Xaropinho, um gatinho nascido em dezembro do ano passado, que foi abandonado por sua mãe. Surpreendentemente, mesmo sem ter tido filhotes próprios, Lessie começou a produzir leite para alimentar seu novo filhote.

“É uma lição de vida. Num mundo com tanta briga, é emocionante ver que até mesmo os que consideramos inimigos, como gatos e cachorros, podem se unir como mãe e filho”, reflete Ivo.

Xaropinho é filho biológico de uma gata de rua que frequentava a casa de Ivo. Quando sua mãe teve cinco filhotes, Ivo adotou Xaropinho e encontrou lares para os outros quatro filhotes com vizinhos. Lessie, por sua vez, foi resgatada cerca de dois anos atrás, quando um vizinho a abandonou ao se mudar.

“Quando a mãe biológica de Xaropinho desapareceu, Lessie começou a cuidar dele, permitindo que ele mamasse. Ela o trata como seu próprio filho, algo muito especial. Ele mama por cerca de 20 minutos até ficar satisfeito”, relata Ivo.

Adoções interespécies como essa não são incomuns no reino animal, explica a médica veterinária Thanara Louzada. Ela menciona que a produção de leite por parte de Lessie, apesar de não ter engravidado, pode ser atribuída a motivos biológicos ou psicológicos, como a pseudogestação.

“O leite produzido por cadelas, mesmo em situações como essa, não é prejudicial para os gatos. Na verdade, é nutritivo e saudável para os pequenos felinos, embora seja importante monitorar a saúde de ambos”, destaca Thanara.

A veterinária alerta também que, embora Xaropinho já esteja grande o suficiente para se alimentar exclusivamente de ração, é necessário cuidado para evitar lesões na mãe adotiva devido aos dentes afiados do gato.

No fim das contas, o que prevalece é o amor entre essas duas criaturas diferentes, uma prova de que os laços afetivos transcendem as barreiras das espécies.

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