O RS segue em alerta com o avanço da dengue. Até o meio-dia de sábado, o Estado já somava 6.421 casos confirmados da doença, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (SES). Desse total, 5.524 são autóctones — ou seja, contraídos dentro do próprio município. A taxa de incidência atual é de 207 casos para cada 100 mil habitantes.
Desde o fim de março, quando o Estado acendeu o sinal de alerta para abril — mês historicamente marcado pelo pico da doença — cerca de 2.700 novos diagnósticos foram registrados.
Cinco pessoas já morreram por complicações da dengue: duas em Porto Alegre e as demais em Viamão, Alvorada e Cachoeira do Sul. O número de notificações passa de 32 mil, sendo que 16.442 ainda estão em análise.
Atualmente, o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, já está presente em 474 municípios gaúchos. Em 2024, o Estado teve mais de 208 mil casos e 281 mortes, mas o número de cidades infestadas era ligeiramente menor: 472. Ou seja, em 2025, a dengue está mais espalhada, mesmo com números absolutos ainda abaixo do ano anterior.
Veja as cidades com mais casos confirmados até agora:
- Viamão – 1.820
- Porto Alegre – 1.211
- Cachoeira do Sul – 675
- Novo Hamburgo – 669
- Alvorada – 217
- Planalto – 187
- São Sepé – 104
- Sapucaia do Sul – 96
- Cachoeirinha – 94
- Gravataí – 89
A curva de crescimento em abril confirma a previsão dos especialistas. A semana epidemiológica 15 registrou incidência de 22,4 casos a cada 100 mil habitantes. A mais crítica do ano, até agora, foi a semana 14, com 51,58. Em 2024, o pico veio entre as semanas 13 e 17, com o maior índice na semana 16: 187,27 casos por 100 mil.
Além da dengue, a chikungunya também preocupa. Já são 142 casos confirmados e um óbito neste ano — um salto expressivo se comparado a 2024, que teve apenas 10 registros em todo o Estado.
Porto Alegre vê aumento e unidades de saúde sobrecarregadas
Na Capital, o avanço da dengue tem pressionado os serviços de saúde, mesmo com números ainda abaixo dos de 2024. A diretora da Atenção Primária da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Vânia Frantz, alerta: “Abril historicamente é um mês crítico. Nas últimas semanas, as notificações cresceram e temos visto um aumento na procura por atendimento”.
Os bairros com maior número de casos continuam sendo Passo das Pedras e Jardim Itu, na Zona Norte. Segundo Vânia, muitas unidades estão com alta demanda por hidratação venosa, tratamento fundamental para os quadros mais graves.
Ela também reforça a importância dos cuidados dentro de casa: “O mosquito é doméstico, adora sombra e água parada. Ele sobrevive bem ao nosso clima e se reproduz rapidamente com qualquer chuva e calor”.
Mesmo com a previsão de queda nos casos com a chegada do frio no fim de maio, o risco continua. “O Aedes está em toda a cidade. Se uma pessoa infectada circular sem repelente, pode levar o vírus para áreas onde ainda não há transmissão”, alerta.
Viamão em situação de emergência
Município com maior número de casos, Viamão decretou situação de emergência em saúde pública no fim de março. Entre os dias 2 e 6 de abril, recebeu reforço de uma força-tarefa do Ministério da Saúde e da Força Nacional do SUS.
A ação teve foco no atendimento clínico, organização dos serviços e capacitação de equipes locais. “Evitar mortes por dengue é possível. Com estrutura, escuta ativa e cuidado, salvamos vidas. A presença do COE aqui foi fundamental”, destacou a secretária municipal de Saúde, Michele Galvão.