Bebês Reborn: Que bicho é esse? “Maternidade” de bonecas vira modinha

Afeto ou fuga da realidade?

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Elas são feitas de vinil e silicone, com traços perfeitos que imitam bebês reais. Têm nome, enxoval, fraldas e até são levadas para passear ou “tomar sol”. Mas por trás do encantamento que envolve os bebês reborn, talvez exista algo mais sério — um reflexo do modo como parte da sociedade está lidando com o mundo real.

Sim, há quem veja essas bonecas como itens de coleção, objetos terapêuticos ou lembranças simbólicas de filhos já crescidos ou que partiram. No entanto, a linha entre afeto e fuga emocional está ficando cada vez mais tênue — e talvez já tenha sido cruzada.

Adultos simulando internações hospitalares com bonecas. Fazendo ensaios de maternidade com um objeto inanimado. Criando uma rotina inteira ao redor de um “filho” que não chora, não contesta, não frustra. Isso é mesmo sobre cuidado? Ou estamos diante de um sintoma de algo mais profundo?

A vida real exige esforço, escuta, contradição, frustração. E muitas vezes machuca. Mas também é no confronto com tudo isso que crescemos, que construímos relações verdadeiras. Um boneco, por mais perfeito que pareça, não oferece risco, não impõe limites, não decepciona. Ele apenas obedece ao roteiro.

Esse é justamente o ponto crítico: talvez estejamos vivendo uma época em que o desejo de controle e a recusa em lidar com as dores do mundo estejam levando muita gente a preferir a fantasia ao enfrentamento. E isso não é sobre infância nem sobre memória afetiva. É sobre adultos emocionalmente exaustos buscando refúgio em universos onde nada dói.

Mais do que um hobby, o reborn virou, para alguns, um estilo de vida — e isso levanta um alerta. Quando a realidade fica tão insuportável que uma boneca passa a substituir o contato humano, temos que nos perguntar: estamos cuidando da saúde mental dessas pessoas ou apenas normalizando a alienação emocional?

Não se trata de zombar da dor de ninguém, mas de lembrar que feridas reais pedem ajuda real — não uma mamadeira de brinquedo. Terapia não é tabu. Buscar apoio não é vergonha. Fingir uma maternidade, sim.

Enquanto muitos seguem brincando de casinha, a vida real continua batendo à porta. E talvez já seja hora de atendê-la.

Ódio às bonecas

Uma loja especializada em bonecas reborn está enfrentando uma onda de ataques na internet. A chamada “maternidade” funciona há cinco anos em Curitiba (PR) e tem sido alvo de críticas e discursos de ódio nas redes sociais.

A dona da loja, contou que tudo começou depois que um vídeo viralizou. Nele, influenciadoras faziam um encontro simulando o cuidado com os bebês reborn, em um estilo de brincadeira conhecido como role play. Após a repercussão, a loja passou a receber mensagens ofensivas e até fotos do local foram postadas na internet com comentários maldosos.

“Eu nunca imaginei passar por isso. Os bebês reborn são feitos com muito carinho. Eles são pensados para trazer aconchego, paz, e até despertar memórias afetivas, como dos nossos filhos quando eram pequenos”, desabafa a empresária.

. Ela ainda não registrou boletim de ocorrência porque está fora do estado, mas disse que tomará as medidas legais assim que voltar a Curitiba.

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