Foram quase dez anos fechada, carregando o que fez

Um menino de 11 anos, calado pela covardia de adultos que deveriam protegê-lo

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Porto Alegre – RS – (por João Lemes) Edelvânia Wirganovicz foi encontrada morta nesta terça (22) no Instituto Penal Feminino, onde cumpria pena pelo assassinato do menino Bernardo Boldrini. Havia voltado ao regime semiaberto após ter a prisão domiciliar revogada. Foi condenada por cavar a cova onde o corpo do menino foi escondido em 2014.

O caso parou o país. Um menino de 11 anos, calado pela covardia de adultos que deveriam protegê-lo. Foram julgados e condenados: o pai, a madrasta, Edelvânia e o irmão dela. Justiça feita? Talvez nos autos. Mas há feridas que nem sentenças, nem grades, nem mortes fecham.

Edelvânia já cumpriu 9 anos e 12 dias da pena. Então, havia ganho o direito de sair no semiaberto (para trabalhar fora). Mas quem iria lhe dar serviço? Só o Estado.

A morte de Edelvânia não ameniza o sofrimento da família de Bernardo.

Não devolve abraços, sorrisos, nem o silêncio de quem partiu cedo demais. Só encerra a história dela. O resto continua. Para os que ficaram, o luto é diário. E para a sociedade, o caso ainda dói, como um alerta de que monstros nem sempre vivem em contos — às vezes, dividem o mesmo teto.

Mas enfim, a morte não é seu castigo. O castigo era cumprir até o último dia de pena. E seguir a lei como ela foi feita. Isso sim seria o correto. Mas a sociedade não pensa assim, não quer assim — ela quer eliminar o outro. E é claro que Edelvânia já sofria muito antes. Sofria o peso da nossa condenação e o da própria consciência. Foram mais de dez anos fechada, carregando o que fez. Não tem ser humano que resista. Diante disso, lhes digo: a morte foi sim um consolo. Embora eu não tenha o direito de julgar.

Edelvânia Wirganovicz, condenada a 22 anos e 10 meses de prisão pelo envolvimento na morte do menino Bernardo Boldrini em 2014, foi encontrada morta no Instituto Penal Feminino de Porto Alegre, na terça-feira (22). A Polícia Penal informou que os indícios apontam para que a própria Edelvânia tenha cometido o ato. Após cumprir parte da pena em prisão domiciliar entre 2023 e 2025, ela havia retornado ao regime semiaberto por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), após decisão que considerou improcedente o benefício da prisão domiciliar.

O caso Bernardo Boldrini foi um dos crimes de maior repercussão no Brasil.

O menino, de 11 anos, foi assassinado em abril de 2014, em Três Passos, no Rio Grande do Sul. O crime teve como réus o pai, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e Edelvânia, amiga de Graciele. Bernardo foi morto com a administração de medicamentos e teve seu corpo enterrado em um buraco em Frederico Westphalen. O caso revelou negligência familiar e motivou um amplo debate sobre a proteção de crianças em situações de risco.

Edelvânia foi condenada em 2019 por homicídio quadruplamente qualificado e ocultação de cadáver. Em 2023, após uma decisão judicial, cumpriu parte da pena em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica devido à falta de vagas no sistema prisional. Contudo, o STF revogou a decisão em fevereiro de 2025, determinando que ela retornasse ao regime semiaberto, já que ainda tinha metade da pena a cumprir.

A morte de Edelvânia reacendeu a atenção para o caso Bernardo e os desdobramentos trágicos envolvendo os condenados. A Polícia Penal e o Instituto-Geral de Perícias (IGP) foram acionados, e a Corregedoria-Geral do Sistema Penitenciário acompanha a apuração do óbito. Este episódio reforça a complexidade e as consequências duradouras de um dos crimes mais chocantes do Brasil.

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