(João Lemes) São Chico – O tráfico de drogas é, disparado, o maior problema de segurança pública em São Francisco de Assis. A afirmação é do delegado Marcelo Batista, que desde 2021 atua firme no combate ao crime e aponta dados alarmantes: cerca de 90% dos delitos cometidos no município têm relação direta com o uso ou com o comércio de droga.
A drogas por trás de quase todos os crimes
Um morador do interior, após usar droga na cidade, retornou alterado, botou fogo no galpão do vizinho e atirou nas vacas
Segundo o delegado, são raros os casos que não envolvem drogas como pano de fundo. “Furto, homicídio, incêndio, ameaça, dano, tudo tem raiz no tráfico. O sujeito furta para comprar crack, a briga familiar acontece porque ele está entorpecido, o homicídio geralmente envolve dívidas com traficantes”, afirma. Ele cita um caso emblemático: um morador do interior, após usar droga na cidade, retornou alterado, botou fogo no galpão do vizinho e atirou nas vacas. “Não era um criminoso típico. Foi a droga.”
A droga de todas as classes sociais
Já investigamos usuário que torrou 118 mil reais em uma boca de fumo. A droga se adapta ao bolso de quem consome
Marcelo Batista também quebra o estereótipo de que o consumidor de droga é alguém marginalizado ou das classes mais altas. “Hoje, tem de tudo. Desde trabalhador rural, servente de pedreiro, até quem recebe Bolsa-Família. Tem quem gaste 10 reais e quem gaste 200 num final de semana ou até milhares. Já investigamos usuário que torrou 118 mil reais em uma boca de fumo. A droga se adapta ao bolso de quem consome”, relata.
Rombo anual de milhões
Além da violência, o prejuízo econômico é severo. O delegado estima que de R$ 2 a R$ 3 milhões saem de São Chico por ano, diretamente para o tráfico. Dinheiro que poderia estar girando no comércio, em escolas, em saúde. “É um rombo. E só existe porque há quem compre. O tráfico é um crime financeiro. E, como qualquer mercado, só existe se tem cliente”, diz Marcelo.
Investimento na juventude
O delegado reforça a necessidade de investir na prevenção e na juventude. “Não adianta só prender. Precisamos oferecer perspectiva. O jovem precisa ter onde se agarrar, senão ele cai na ilusão do prazer imediato que a droga oferece. É urgente um esforço coletivo da sociedade, da família, das escolas e do poder público”.
Combate firme
Operações de repressão já prenderam dezenas de pessoas, inclusive em ações históricas para o município. “Mas não basta. Cada jovem que não entra nesse caminho já é uma vitória. A droga está em tudo, mas ela só vai embora quando a gente parar de alimentá-la”, conclui.
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