Ribeirão Preto (SP) – Larissa Rodrigues, de 37 anos, foi encontrada morta no apartamento onde morava, no dia 22 de março. Professora e conhecida por sua rotina reservada, ela enfrentava uma crise conjugal com o marido, o médico Luís Antônio Garnica, com quem vivia um relacionamento conturbado e, segundo uma amiga, marcado por controle e vigilância.
De acordo com a empresária Maísa Ramos, amiga próxima de Larissa há mais de 12 anos, o casal não mantinha mais um vínculo afetivo. “Há pelo menos um ano e meio eles não viajavam nem saíam juntos. Mesmo assim, ele fazia questão de saber onde ela estava e com quem”, relatou em entrevista à EPTV, afiliada da TV Globo.
Segundo Maísa, Luís Antônio chegou a instalar rastreadores no carro e no celular de Larissa. “Ela descobriu no ano passado que o carro dela tinha um rastreador. Ela era uma mulher que saía de casa para o trabalho, do trabalho para casa, e para a academia. Mesmo assim, ele precisava saber de tudo”, contou.
Relação marcada por controle e humilhações
Maísa também revelou que, ao longo do tempo, observou comportamentos abusivos por parte do médico. “Ele fazia piadas sem graça sobre a aparência dela, desfazia dela na frente dos outros. Era um jeito escroto, mas ela sempre dizia que era só o jeito dele”, afirmou.
O distanciamento entre o casal se intensificou após Luís iniciar uma pós-graduação em São Paulo. Ele se afastou da rotina conjugal e Larissa passou a suspeitar de uma traição, o que foi confirmado pouco antes da morte.
“Ela sabia que a relação não fazia bem, mas dizia que não conseguia sair. A última vez que conversamos, ela disse que era por medo, mas não especificou de quê”, lembrou a amiga, sobre o último encontro com Larissa, em fevereiro.
Morte e suspeita de envenenamento
Larissa foi encontrada morta no banheiro de casa por Luís Antônio, que alegou tê-la levado para a cama e tentado reanimá-la, sem sucesso. O Samu foi acionado e confirmou o óbito no local.
Inicialmente, a autópsia foi inconclusiva, apontando apenas alterações nos pulmões e no coração. Porém, um exame toxicológico posterior revelou a presença de “chumbinho”, um veneno altamente tóxico, reforçando a hipótese de envenenamento.
Prisão e investigação
Na última terça-feira (6), a Polícia Civil prendeu Luís Antônio Garnica e sua mãe, Elizabete Arrabaca, por suspeita de homicídio qualificado. A pena prevista pode variar de 12 a 30 anos de prisão, podendo ser agravada por se tratar de um crime cometido contra cônjuge.
Elizabete foi a última pessoa a estar com Larissa antes da morte, o que também levanta suspeitas sobre seu envolvimento. As investigações agora buscam esclarecer a motivação do crime e a origem do veneno usado.
A Polícia Civil segue apurando o caso, que gerou comoção entre amigos, familiares e a comunidade escolar onde Larissa lecionava.