Os gastos com diárias na Câmara têm gerado intensos debates, evidenciando possível uso excessivo. O tema veio à tona após o vereador José Renz (PP) apresentar um requerimento propondo que todas as viagens sejam feitas por meio de ressarcimento, ao invés do atual sistema de pagamento de diárias. “A diária de quem fica 5 dias em Porto Alegre é de R$ 4.700, mas ninguém gasta mais que R$ 1.200”, diz José Renz.

Gastos abusivos
“Houve gastos abusivos. A diária de um vereador que fica 5 dias em Porto Alegre é de R$ 4.700, mas ninguém gasta mais que R$ 1.200. É muito saboroso chegar no final de semana com R$ 3 mil no bolso. Já ganhamos um salário de R$ 6.500, nada mais justo que viajarmos com ressarcimento, sem lucros, mas também sem despesas”, diz José Renz (PP). Ele também disse que “vai dar seu sangue” para frear esse gasto.
O prefeito é corresponsável
A polêmica foi inflamada por críticas diretas ao presidente da Câmara, Luner Martinez (MDB), acusado de ter gasto mais de R$ 30 mil em cursos em Porto Alegre em apenas cinco dias. Segundo opositores, em 70 dias, a Câmara já gastou R$ 160 mil em diárias, um valor que, historicamente, nunca passou de R$ 60 mil anuais. Para José Renz, o prefeito também é corresponsável pelos gastos ao negociar a presidência da Casa: “Isso é lesar o patrimônio público.”
No último final de semana, a situação gerou protestos de moradores, e um grupo já iniciou um abaixo-assinado pedindo maior controle e redução nos gastos.

Luner defende o uso das diárias e rebate críticas
“Se um vereador ou assessor achar que não deve viajar, que não vá. Nós buscamos qualificação e recursos. Se o requerimento de Renz for aprovado, com certeza darei um canetaço final.” Outros vereadores também se manifestaram. Roitman Manganeli (PP) propôs que as diárias fossem cortadas para todos os agentes públicos, incluindo o prefeito e secretários, para evitar injustiças: “Se é para cortar, que seja para todos.” Já Luiza Meus (PT) destacou a importância das viagens: “Capacitamos e trazemos recursos para o município.” Contudo, There Mundstock (PL) alertou sobre excessos: “Tudo que for em excesso não vai dar certo, como não deu.”
Gastos estão dentro da lei
Diante da repercussão, Luner Martinez veio a público afirmar que todos os gastos estão dentro da lei e são devidamente justificados. Ele apresentou os valores gastos por cada bancada, destacando que a presidência lidera as despesas com R$ 23.121,63, seguida pelo MDB, com R$ 18.528,75, e pelo PP, com R$ 17.229,29. Outros setores, como a Procuradoria Jurídica e o Administrativo, também apresentaram valores altos, com R$ 7.411,50 e R$ 6.670,35 (respectivamente).
Mesmo com a justificativa, os números continuam gerando indignação entre os moradores, que exigem maior responsabilidade no uso dos recursos públicos.