Porto Alegre – RS – Em um turno comum no Hospital de Clínicas, a emergência chegou a funcionar com três vezes mais pacientes do que sua estrutura comporta. A reportagem acompanhou o dia 15 de julho, quando 71 pessoas eram atendidas numa sala feita para 20. Técnicos e enfermeiros se desdobram em meio a macas e cadeiras apertadas para atender quem chega — na maioria, pacientes graves ou em tratamento contínuo como cardiopatas e oncológicos.
A rotina sob pressão
Profissionais relatam que mal conseguem olhar no rosto dos pacientes. Em alguns casos, um único técnico chega a cuidar de 11 pessoas por plantão. O desgaste é físico e emocional. “É tristeza. A gente quer dar a melhor assistência, mas não tem como sozinho”, desabafou o técnico Arthur Garcia. A sobrecarga tem gerado afastamentos por esgotamento e agravado a saúde mental de médicos e enfermeiros.
Pacientes internados na emergência
Devido à falta de leitos, muitos seguem internados na própria emergência. É o caso de Lauro Morschel, 74 anos, que chegou ao hospital com pneumonia e ficou dias numa poltrona. Mesmo diante das dificuldades, pacientes reconhecem o esforço das equipes. “Tá muito cheio, mas o atendimento é ótimo”, disse.
A tentativa de dar fôlego
O hospital tem reforçado escalas, liberado horas extras e até cancelado procedimentos eletivos para abrir espaço. A direção também participa de reuniões diárias com o Município e o estado para monitorar a ocupação e ajustar os fluxos de atendimento.
Efeitos da crise na saúde
O presidente do Coren-RS, Antônio Tolla, alertou que o adoecimento dos profissionais, intensificado desde a pandemia, virou rotina. O Simers, por sua vez, aponta aumento de agressões, depressão e até suicídios entre médicos. Por isso, foi criado o Observatório da Violência para mapear e combater os ataques contra quem cuida da população.

Fonte: GZH.
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