RS: carne bovina sobe cerca de 30% em um ano

Segundo especialistas, essa escalada de preços está ligada a uma combinação de fatores. Emtemda:

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Garantir o tradicional bife nas refeições do dia a dia ou preparar o churrasco de fim de semana ficou mais caro para os consumidores do RS. Depois de um período de queda, a carne bovina voltou a pesar no bolso. De acordo com levantamento do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o produto teve alta de 29,69% no período de um ano, entre março de 2023 e março de 2024.

A pesquisa mostra que os cortes com maiores aumentos de preço foram a carne moída de segunda, o filé mignon, a alcatra e a maminha, todos com variações acima de 30%.

Segundo o coordenador do NESPro, professor Júlio Barcellos, essa escalada de preços está ligada a uma combinação de fatores: redução na oferta de gado para abate, aumento da demanda, crescimento das exportações e impactos do clima sobre a criação dos animais. Ele destaca ainda que a recente alta também representa uma recomposição, após quedas acentuadas em 2023.

— Por que a carne está mais cara agora? Primeiro, porque o consumidor está com maior poder de compra e a demanda permanece firme. E, com o consumo estável, o varejo não tem motivos para reduzir preços. Além disso, a oferta de gado caiu no primeiro trimestre. Tivemos atraso nas chuvas no Brasil Central e seca no Sul, somados a um recorde nas exportações neste início de ano — explica Barcellos.

A médica veterinária e analista de mercado da Scot Consultoria, Rafaela Facchina, confirma que o consumo aquecido continua sendo um dos principais fatores que sustentam os preços. Ela também destaca o avanço do valor do boi gordo, o que impacta diretamente os preços repassados ao consumidor final.

— A valorização da arroba do boi gordo teve papel importante nesse cenário. Em São Paulo, a alta foi de 40,9% no período. No Rio Grande do Sul, o quilo do boi gordo subiu 37,3% na região Oeste e 43,6% em Pelotas — aponta Rafaela.

Cortes mais afetados

Entre os cortes com maiores variações, a carne moída de segunda lidera por ser uma das opções mais acessíveis. Segundo Barcellos, esse é um produto muito consumido por famílias de menor poder aquisitivo que, mesmo com orçamento apertado, priorizam a carne bovina.

Já o filé mignon passou por uma forte recomposição. Após ter sido um dos cortes mais afetados pela queda no consumo em 2023 e início de 2024, agora recupera valor.

— O filé mignon foi o corte que mais perdeu demanda no ano passado, e agora vem se reposicionando no mercado — explica o professor.

A alcatra, outro corte em destaque, se mantém valorizada por sua versatilidade. Pode ser usada em bifes, carne picada ou churrascos, o que garante uma demanda sempre elevada.

A pesquisa do NESPro foi realizada nos principais mercados consumidores de carne bovina do Estado, com foco em Porto Alegre, cidade que concentra uma fatia significativa do consumo gaúcho.

Impacto no bolso e mudanças de hábitos

A alta nos preços já vem alterando os hábitos de consumo de muitas famílias. O aposentado Edgar Leal, de 74 anos, notou os valores mais altos e decidiu adotar estratégias para economizar. Ao visitar um açougue no Mercado Público na terça-feira (15), contou que tem optado por carnes suína e de frango como alternativas, embora também estejam mais caras.

Além disso,Edgar diminuiu a frequência dos churrascos, que antes eram quase semanais. Agora, prepara o assado no máximo duas vezes por mês.

— Está bem mais caro, está mais pesado. A gente nem churrasco está conseguindo fazer mais — lamenta.

Outro consumidor, o aposentado Oswaldo Silvino Filho, de 71 anos, também sentiu o peso no orçamento. Segundo ele, cortes antes considerados baratos já ultrapassam preços de carnes mais nobres.

— Comprei um garrão, sem osso, por R$ 38 o quilo, o mesmo valor da paleta sem osso. É um absurdo. Há pouco tempo, o garrão custava R$ 18, R$ 19. E isso no Mercado Público, que costuma ser mais barato. No supermercado, então, é quase impossível comprar — relata.

Com o aumento nos preços e a instabilidade do mercado, especialistas recomendam atenção às promoções e planejamento na hora de escolher os cortes para manter o consumo de carne bovina sem comprometer o orçamento.

GZH

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