Santiago – RS – (por João Lemes) Tem um problema grave rondando Santiago há tempo — e está prestes a explodir. Várias famílias estão sendo ameaçadas de despejo por morarem na chamada “beira-linha”, ou seja, próximas aos trilhos da ferrovia, área federal hoje sob concessão da empresa Rumo.

Tem que sair, mesmo estando em laudo médico comprovando que é doente cardíaco
Um dos casos mais urgentes é o de seu Pedro Dorneles (56 anos) morador da rua Hipólito Garcia, no bairro popularmente conhecido como antigo Corte Sete, hoje Belizário. Ele vive com sua filha pequena, Ana Clara, numa casa de madeira simples, que comprou após trocar por outra. Já mora há cinco anos no local, sem criar bicho, sem causar transtorno — mas a juíza federal de Uruguaiana determinou o despejo. Ele tem 90 dias para sair, mesmo com laudo médico comprovando que é doente cardíaco, sobrevivendo com pouco e gastando o que tem em comida e remédios. (Nesta sexta, 23, ele vai estar no podcast Estação NP, às 19h)

Não é só ele
Há outras casas ali e em vários pontos da cidade em situação parecida. Algumas construções ocupam até os próprios trilhos, que estão tomados pelo mato em certos trechos. Tem gente que cria porco, galinha, ovelha. Mas o caso do seu Pedro é diferente. É um pai, com a guarda da filha, morando com dignidade numa casa que comprou, e agora está ameaçado de ir parar no meio da rua.

Retroativo e cruel
O processo de despejo é antigo e nem veio no nome dele. É retroativo, atinge quem comprou, quem vendeu, quem só herdou o problema. Ou seja: uma máquina fria está passando por cima das pessoas como se fossem papel. E quando a Justiça começa a agir desse jeito — sem considerar a realidade social —, temos que ligar o alerta.

Não basta noticiar, tem que agir
O vereador Magdiel Bissaco está correndo atrás, conversou com a juíza federal, com a Defensoria Pública, e deve pressionar autoridades. O mínimo que se espera é um terreno, uma solução alternativa, uma força-tarefa social. Não dá pra aceitar que uma menina e seu pai doente sejam jogados na rua sem ter pra onde ir.

Se a Justiça tem que cumprir seu papel, que o faça. Mas que o município cumpra o seu também — de cuidar das pessoas. Que a Câmara se mexa, que a Defensoria atue, que a prefeitura abrace a causa.
Porque despejar famílias sem oferecer alternativa digna é mais que injustiça: é desumanidade.

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