EDITORIAL – Rio de Janeiro – RJ – 121 mortos, corpos espalhados na rua, famílias desesperadas e um Estado que chama isso de “sucesso”. A megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão transformou-se na mais letal da história do Brasil, superando até o massacre do Carandiru. O governo fala em neutralização de criminosos, mas os relatos de execuções, corpos decapitados e moradores impedidos de socorrer feridos mostram que o Rio continua preso a uma lógica de guerra sem saída.
A disputa pelo comando
Enquanto os corpos eram recolhidos, o governador Cláudio Castro e o governo federal travavam um duelo de versões. Castro acusava Brasília de abandono, e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, lembrava que operações dessa magnitude precisam de coordenação nacional. No meio da troca de acusações, o presidente Lula se disse “estarrecido” com o número de mortos. Nenhuma surpresa: a tragédia virou palco de embate político.
O que sobra do Estado
As instituições cobram explicações, o Supremo pede relatórios, e a Defensoria tenta saber por que as câmeras corporais ficaram sem bateria justamente durante o confronto. É a velha história: quando a morte vem da periferia, a transparência também morre. O “escritório emergencial” anunciado soa como promessa de papel. O problema é mais profundo — um Estado que perdeu o controle e repete o erro de achar que matar é o mesmo que resolver.
O preço da omissão
O Rio vive um fracasso coletivo. Fracasso de segurança, de política e de humanidade. A operação, vendida como vitória, só reafirma que a violência do crime e a violência do Estado são irmãs siamesas. Enquanto isso, nas vielas, mães choram filhos que nem o governo conta direito. O país assiste, acostumado, à barbárie que já não choca. O nome disso não é guerra. É desistência.
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