Colheita da marcela: costume que ultrapassa gerações

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A colheita da Macela, ou popularmente chamada de marcela, é uma tradição que se repete ano a ano no período de Quaresma. Na madrugada da Sexta-feira Santa, antes que surja o sol, as pessoas saem em busca da erva que dá origem a um saboroso chá com propriedades medicinais. O chá da marcela ajuda a combater problemas estomacais, o que leva muitas pessoas a ter a flor estocada em casa. Muitos usam também no chimarrão.

Tradição mantida

A tradição de colher marcela foi mantida neste ano apesar da pandemia de coronavírus. Em Santiago, muitos saíram bem cedo para colher o chá. A santiaguense Denise Ortiz repetiu o gesto que há anos faz com sua família. “Desde pequenos vamos colher marcela. Íamos com nossa avó e tia fazer a colheita. Era uma turma grande de adultos e crianças. Ela dizia que era preciso sair cedo, antes do sol nascer, porque marcela é um ótimo remédio, mas tem que ser colhida com o sereno. Mas, mais do que isso, trata-se do amor, da união, da esperança entre nossa família”, diz Denise. Na foto, Denise com seu pai Jorge Almeida, o irmão Robson e o filho Pedro Almeida.

Símbolo do Rio Grande do Sul

Por causa da religiosidade que envolve a planta e suas propriedades medicinais, a marcela foi instituída (em 2002) como a planta medicinal símbolo do nosso estado.

O casal Angélica Santos e Bruno Ben saiu cedo para levar o filho Miguel para passear e colher marcela.

Milagre da Marcela

(Por João Lemes)
Em dado momento da vida é preciso parar e avaliar o percurso, rever as falhas e mostrar o que aprendemos com elas. É tempo de reviver a Paixão, lembrar que na Sexta-Feira Santa não basta só colher marcela e comer peixes, mas sobretudo, repartir a pesca e a colheita com os amigos.

Lembro-me de que, na adolescência,meu irmão e eu costumávamos ir longe, logo cedo, para apanhar as “plantinhas miraculosas”, marcelas ou macela (os dois são certos). Não importava se traríamos uma enorme maçaroca e só tomaríamos um chazinho por ano. Valia pelo gosto de sair para o campo, desfrutando do convívio de alguém que, hoje, mal sei notícias.

A tal erva que descrevo agora não é considerada, pelos médicos, como sendo “mágica”. Também não reafirmo isso, tampouco sou adepto ao curandeirismo, mas de uma coisa tenho certeza: Se tiveres dor-de-barriga e tomá-la, será o mesmo que “tirar com a mão”.

Oxalá os males que sofremos na vida, oriundos da prepotência, do ambicionismo nosso “de cada dia” fossem tão simples como a dor-de-barriga, e a palavra tivesse, sobre o coração, efeitos tão miraculosos a exemplo da marcela. Mas, pelo menos, não falharemos por não tentar, esta é a certeza que resta. Feliz Páscoa a todos.
(Publicado no jornal Expresso em 29/03/02 e no livro 20 Anos de Jornalismo)


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