(João Lemes) O que tá acontecendo com esse mundo? Antigamente, quem queria filho ia lá e fazia um de verdade – com choro, cocô, diploma caro e tudo mais. Hoje? O pessoal prefere gastar até 10 mil numa boneca de silicone que parece gente, mas não cresce, não fala e, graças aos céus, não pede mesada. São os tais “bebês reborn”, a nova febre que tá deixando psicólogos de cabelo em pé e vendedores de plástico rindo à toa.
Fila preferencial para quem não existe
E não é que tem gente levando essas criaturas inanimadas pra consulta médica? Já pensou o doutor com sete anos de faculdade tendo que fingir que ausculta coração de plástico? Daqui a pouco vão passar na frente na fila do banco, conseguir vaga em creche e até tentar registrar em cartório! “Nome do pai? Fábrica Xing-Ling. Nome da mãe? Solidão S.A.” É como dizia minha finada avó: “Quando a realidade aperta, a fantasia agradece”.
Quando o trauma pede socorro
Agora, pra ser justo como um bom gaúcho – e olha que isso tá mais raro que político honesto – tem casos e casos. Alguns psicólogos até recomendam essas bonecas pra quem sofreu trauma de perda, pra mães que perderam filhos ou não podem ter. Aí o negócio muda de figura, vira tratamento. Mas é que nem remédio: tem dosagem certa. Uma coisa é usar como parte da terapia, outra é levar o boneco pra jantar fora e pedir cadeirinha alta no restaurante.
A loucura tem método (e preço)
Sacola com roupinhas, fraldas de marca, chupetas importadas… O arsenal pra cuidar de um ser que nunca vai crescer nem dar trabalho. Enquanto isso, tem criança de verdade precisando de lar. Como diria Nietzsche, se estivesse vivo e tomando um mate na Redenção: “O ser humano é o único animal que inventa realidades paralelas pra fugir da que não aguenta encarar”. E por R$ 40 mil, dava pra adotar um cachorro, fazer terapia por dois anos e ainda sobrava pro churrasco de domingo.
Tempos modernos, loucuras eternas
Vai ver é isso mesmo: estamos vivendo a era da loucura terceirizada, onde é mais fácil comprar um filho de plástico do que encarar as dores e delícias de criar um de verdade. Enquanto uns gastam uma fortuna em bonecas, outros lutam pra dar o que comer pros filhos reais. No fim das contas, cada um sabe onde o sapato aperta – ou onde o silicone conforta.
Mas uma coisa é certa: quando eu era guri, a gente brincava de boneca até certa idade, depois crescia. Hoje, parece que crescer virou opcional. E o pior: com nota fiscal e parcela no cartão.
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