
Um grupo de 10 mil proprietários de terra na Bahia se uniu para formar o Movimento Invasão Zero. Esses produtores alegam insegurança nas áreas rurais e falta de ações governamentais para coibir as invasões.
O Movimento Invasão Zero, que não age armado, busca pressionar os sem-terra com grupos muito maiores, comparecendo ao local da invasão sempre que um proprietário pede socorro. A iniciativa foi criada em abril na Bahia, diante do aumento no número de invasões e da falta de resposta do governo local. Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), foram registradas 16 invasões nos últimos três meses.
Diversas invasões ocorreram em fazendas da Suzano Papel e Celulose, bem como em escritórios de empresas, e os proprietários alegam que a polícia muitas vezes não responde aos chamados de ajuda. Além disso, afirmam que o governo e as forças de segurança estaduais têm sido omissos diante das invasões, levando-os a se defenderem por conta própria e a criar o Movimento Invasão Zero.
O Movimento está organizado em 16 núcleos, que repassam informações para um núcleo central, responsável por coordenar e divulgar as informações recebidas. Os produtores estão buscando apoio político em Brasília e incentivando a formação de grupos semelhantes em outros estados.
O grupo de produtores também está preparando um dossiê sobre as ações do MST no estado da Bahia, que será apresentado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST no Congresso Nacional. Além disso, eles estão trabalhando na elaboração de uma minuta de projeto de lei para modificar o Estatuto da Terra, a fim de adequá-lo à realidade do agronegócio brasileiro atual.
Uma CPI do MST foi instalada na Assembleia Legislativa da Bahia para investigar as invasões de terras, após uma liminar concedida pela Justiça em resposta a um recurso do deputado Leandro de Jesus. No âmbito federal, o deputado federal Tenente-Coronel Zucco anunciou a criação da Frente Parlamentar Mista Invasão Zero, inspirada no Movimento Invasão Zero, buscando ampliar o debate e a mobilização contra as invasões.
Os produtores esperam que suas ações, juntamente com o apoio político e a pressão pública, resultem em ações mais efetivas contra as invasões e na responsabilização dos envolvidos nessas ações ilegais.
FONTE: Gazeta do Povo