O que é o Transtorno do Devaneio Excessivo e como ele impacta a saúde?

Descubra o que é o transtorno do devaneio excessivo, seus sintomas e impactos na saúde mental e física. Saiba como buscar ajuda!

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Você já se pegou perdido em pensamentos, criando mundos imaginários ou diálogos inteiros em sua mente enquanto o mundo real parecia passar despercebido? Embora sonhar acordado seja algo comum e, muitas vezes, saudável, há situações em que isso ultrapassa os limites do controle e passa a comprometer a vida cotidiana.

Esse fenômeno é conhecido como transtorno do devaneio excessivo, uma condição ainda pouco reconhecida oficialmente pela medicina, mas que tem chamado a atenção de especialistas e pacientes ao redor do mundo.

Entenda o que é o transtorno do devaneio excessivo, como ele se manifesta, seus possíveis gatilhos, impactos na saúde mental e física, e os caminhos possíveis para diagnóstico e tratamento. Também discutiremos como a ciência está olhando para esse fenômeno e quais são os principais relatos de quem vive com essa condição. Entender o transtorno é o primeiro passo para desmistificá-lo e promover mais saúde e qualidade de vida.

O que é o Transtorno do Devaneio Excessivo?

O transtorno do devaneio excessivo, também chamado de Maladaptive Daydreaming (MD) em inglês, é caracterizado por fantasias intensas, prolongadas e recorrentes que substituem significativamente a interação com o mundo real.

Essas fantasias geralmente são muito vívidas, envolvem personagens fictícios, cenários elaborados e até trilhas sonoras internas, funcionando como uma espécie de fuga da realidade.

Diferentemente do devaneio comum, que costuma ser breve e inofensivo, o transtorno é marcado pela perda de controle sobre a atividade imaginativa. Pessoas com esse quadro podem passar horas imersas em suas fantasias, negligenciando responsabilidades diárias, relações pessoais e o autocuidado. Esse comportamento pode interferir profundamente na vida acadêmica, profissional e social do indivíduo.

Apesar de não estar listado oficialmente no DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), muitos profissionais da saúde mental reconhecem o transtorno a partir de relatos consistentes de pacientes e de pesquisas emergentes sobre o tema.

Reprodução.

Sintomas e comportamentos comuns

Entre os principais sintomas do transtorno do devaneio excessivo, destacam-se:

Fantasias vívidas e complexas, frequentemente com enredos contínuos, como se fossem séries ou filmes internos;
Movimentos repetitivos durante o devaneio, como balançar o corpo, andar em círculos ou fazer expressões faciais;
Dificuldade de concentração em tarefas do cotidiano devido à invasão frequente dos devaneios;
Desejo de se isolar para continuar o devaneio sem interrupções;
Sensação de euforia ou alívio emocional ao mergulhar nas fantasias;
Culpa ou frustração por perder tempo e deixar de realizar atividades importantes;
Capacidade preservada de distinguir fantasia e realidade, diferentemente de condições psicóticas.
É importante destacar que, mesmo sabendo que os cenários imaginados não são reais, a pessoa pode preferir a fantasia à realidade, especialmente em contextos de estresse ou sofrimento emocional.

Causas possíveis

Embora as causas exatas do transtorno do devaneio excessivo ainda não sejam totalmente compreendidas, estudos e relatos indicam alguns fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da condição:

Traumas na infância ou vivências de abuso emocional, físico ou negligência;
Isolamento social e dificuldades de integração com outras pessoas;
Condições psiquiátricas associadas, como depressão, ansiedade, TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade);
Falta de estímulo cognitivo ou ambientes monótonos, que incentivam a fuga para o mundo interno;
Alto nível de criatividade, muitas vezes presente em pessoas com habilidades artísticas, narrativas ou sensibilidade emocional aguçada.
Não há um único gatilho, mas sim uma combinação de fatores psicológicos, emocionais e ambientais que podem predispor alguém ao transtorno.

O impacto na saúde mental e física

O transtorno do devaneio excessivo pode ter consequências sérias quando não identificado e tratado. A principal delas é a perda de funcionalidade, já que a pessoa deixa de realizar atividades essenciais para seu bem-estar e desenvolvimento. Isso pode incluir desde a higiene pessoal até a execução de tarefas no trabalho ou nos estudos.

A longo prazo, os impactos incluem:

Quadros de ansiedade e depressão, agravados pela percepção de improdutividade e isolamento;
Insônia e distúrbios do sono, especialmente quando o devaneio se intensifica durante a noite;
Problemas de saúde física, como sedentarismo, má alimentação e dores musculares decorrentes de posições mantidas por longos períodos;
Dificuldades de relacionamento, já que os laços sociais reais são substituídos por vínculos imaginários com personagens das fantasias;
Baixa autoestima e sentimento de inadequação social.

Esses efeitos fazem com que o transtorno vá além de um simples hábito inofensivo, passando a ser um obstáculo real para uma vida saudável e plena.

Reprodução.

Diagnóstico: um desafio clínico

Um dos maiores desafios em relação ao transtorno do devaneio excessivo é o diagnóstico, justamente por não estar oficialmente reconhecido nos manuais de saúde mental. Muitos pacientes vivem anos com os sintomas sem sequer saber que há um nome para o que sentem.

Hoje, alguns profissionais utilizam a Escala de Devaneio Excessivo de Somer (nomeada em homenagem ao psicólogo Eli Somer, que cunhou o termo em 2002) para avaliar a intensidade e frequência dos devaneios. Essa escala inclui perguntas sobre a duração dos episódios, o impacto na vida cotidiana e a dificuldade em controlar os devaneios.

No entanto, o diagnóstico ainda depende, em grande parte, de uma anamnese cuidadosa e da escuta ativa por parte do profissional, além da disposição do paciente em compartilhar seu mundo interno.

Tratamento e estratégias de enfrentamento

Embora ainda não exista um protocolo oficial de tratamento, algumas abordagens têm se mostrado eficazes para lidar com o transtorno do devaneio excessivo:

Psicoterapia cognitivo-comportamental (TCC): ajuda o paciente a identificar gatilhos, modificar padrões de pensamento e desenvolver estratégias para retomar o controle da mente.
Técnicas de mindfulness e meditação: promovem o foco no presente e reduzem a tendência a escapar para fantasias.
Organização da rotina: criar horários fixos e metas realistas pode ajudar a reduzir o tempo gasto em devaneios.
Grupos de apoio online: comunidades de pessoas que compartilham experiências semelhantes têm se tornado uma ferramenta poderosa de acolhimento e troca de estratégias.
Tratamento de comorbidades: em muitos casos, tratar a depressão, a ansiedade ou o TDAH subjacente pode atenuar os sintomas do transtorno.
O transtorno do devaneio excessivo ainda é uma condição envolta em dúvidas e preconceitos, mas seu impacto na saúde é real e merece atenção. Ao compreender que sonhar acordado pode deixar de ser apenas um hábito inofensivo e passar a interferir na vida cotidiana, damos o primeiro passo para promover o autoconhecimento e a busca por ajuda profissional.

Se você se identificou com os sintomas descritos, saiba que não está sozinho. Cada vez mais pessoas ao redor do mundo estão reconhecendo o transtorno e encontrando caminhos de cuidado e acolhimento. O importante é lembrar: fugir da realidade pode parecer seguro, mas viver plenamente é o verdadeiro desafio e também a maior conquista. Fonte: Olhar Digital.

LEIA TAMBÉM: Como está o caso do pai que matou o filho de 5 anos em São Gabriel?

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