ARAPONGA – Nada que Lula tenha feito nos últimos meses teve tanto impacto político quanto a ofensiva comercial de Donald Trump. O tarifaço de 50% imposto a produtos brasileiros acabou se tornando uma alavanca simbólica para o Planalto, transformando o presidente em defensor da soberania nacional e isolando os bolsonaristas no debate.
A última pesquisa Atlas-Bloomberg confirmou o efeito: Lula passou a ter mais aprovação que rejeição pela primeira vez em 2025. Em todos os cenários para 2026, ele aparece na frente, inclusive contra qualquer Bolsonaro. O curioso é que o governo pouco mudou na prática, mas o enredo mudou completamente.
O inimigo perfeito
Trump deu ao petismo o que faltava: um vilão externo, previsível e barulhento. A retórica do norte-americano, por mais agressiva que fosse, caiu como uma luva para o marketing político do Planalto. O governo não precisou gritar. Apenas rebateu com sobriedade, o que contrastou com o estilo caótico do ex-presidente dos EUA.
Enquanto isso, os bolsonaristas ficaram sem ação. Sem coragem para criticar Trump, calaram. Também não puderam defender o Brasil, pois isso significaria endossar Lula. Viraram reféns da própria incoerência.
O “I love you” trocou de lado
Bolsonaro pode ter se recusado a passar a faixa presidencial, mas Trump, ao seu estilo, deu o maior presente que Lula poderia desejar: inimigo externo, manchetes favoráveis e reforço à imagem de líder nacional. O “I love you” mudou de boca, agora é Lula quem agradece.