Estado, RS – O ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), decidiu assumir a responsabilidade sobre a inclusão ou não da empresa JBS Aves na lista suja do trabalho escravo. A medida é inédita desde a criação da lista em 2003, embora esteja prevista na CLT. A decisão ocorreu após fiscalização em granjas do RS, em abril, onde dez pessoas foram resgatadas de condições degradantes, com jornadas de até 16 horas diárias.
Em despacho de 9 de setembro, a consultoria jurídica do Ministério do Trabalho considerou legal e adequada a avocação feita por Marinho. O parecer ressaltou a gravidade das infrações e os impactos econômicos e jurídicos do caso. Representantes da JBS já participaram de pelo menos dez reuniões no ministério desde o início do governo Lula. Em 2023, o ministro visitou instalações da empresa em Lins (SP).
A decisão provocou reação interna. Pelo menos nove auditores fiscais do trabalho renunciaram a cargos de chefia em protesto, na quinta-feira (25). Eles afirmaram que a medida do ministro representa intervenção política em suas funções. Até o momento, JBS e Ministério do Trabalho não se manifestaram.