Estado – RS – A Rumo, concessionária das ferrovias no RS, Santa Catarina e Paraná, apresentou ao governo federal uma proposta para ficar mais 30 anos com a Malha Sul, cujo contrato termina em 2027. A empresa fala em investir 10 bilhões nos três estados, mas parte desse dinheiro viria do valor que já teria de devolver à União ao encerrar o contrato atual. Um cálculo preliminar indica indenização entre 4 e 5 bilhões, que a empresa quer reaplicar como “novo investimento”.
O que a empresa oferece ao RS
Para o Rio Grande do Sul, a proposta reserva 2,5 bilhões. A Rumo planeja aplicar esse valor na linha entre Cruz Alta e Rio Grande, hoje o único trecho ativo no Estado. O pacote prevê a troca de cerca de 700 quilômetros de trilhos e a compra de 10 locomotivas e quase 400 vagões. A capacidade por eixo passaria de 18 para 25 toneladas, o que permitiria praticamente dobrar o volume de carga por vagão. Em contrapartida, a empresa não quer assumir trechos sucateados e pede para seguir apenas com os ramais considerados viáveis no RS, em Santa Catarina e no Paraná.
As reações dos governos
O governo federal ainda não respondeu se aceita o plano, mas já sinalizou que pode dividir a concessão no Estado. No Palácio Piratini, a proposta causou surpresa. O secretário adjunto de Logística e Transportes, Clóvis Magalhães, diz que o modelo não atende o interesse gaúcho, porque encolhe ainda mais a malha e reduz ligações com outros estados. O vice-governador Gabriel Souza defende um novo modelo licitatório, em vez de renovação direta. Em Santa Catarina, o secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias, Beto Martins, afirma que não foi informado dos detalhes e alerta que a simples renovação do atual contrato pode levar a um “caos logístico” no Sul.
O que diz o Ministério Público e o histórico da malha
O procurador da República Osmar Veronese acompanha o tema há anos e considera o pacote insuficiente. Ele lembra que o Estado já teve mais de 3 mil quilômetros de ferrovias e hoje opera com pouco mais de 900 quilômetros em uso e trechos abandonados há décadas, situação agravada depois da enchente de 2024. A malha gaúcha está sob concessão desde 1997. Saiu de 3,8 mil para 1,6 mil quilômetros no papel, mas só 921 quilômetros seguem ativos entre Ijuí e Rio Grande. A Malha Sul passou pela ALL até 2015, quando a Rumo assumiu a operação. Agora, o futuro dos trilhos depende da resposta do governo federal à proposta colocada na mesa. (GZH)
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