Manoel Viana – RS – Em entrevista ao portal NP, o cuteleiro Heider Almeida contou como transformou dificuldades da pandemia em oportunidade de vida. Fundador da Cutelaria Almeida, ele compartilha detalhes sobre sua técnica, trajetória e planos.
Como surgiu sua paixão pela cutelaria?
Eu assisti a um programa de TV e aquilo despertou meu interesse. Comecei pesquisando os materiais e ferramentas, fui atrás e iniciei bem devagar. No começo foi difícil, aqui na nossa região não tem essa tradição, mas eu fui me aperfeiçoando e pegando gosto. Minha família sempre me apoiou. Quando pensei em desistir, foram eles que me deram força. Minhas primeiras vendas foram pra amigos e parentes.
De onde vem a matéria-prima para suas facas?
Muitas vezes vem de molas de carro, como essa aqui, feita de uma mola de Fiat Uno. O primeiro processo é o recozimento, pra tirar a dureza e deixar o aço maleável. Depois vem o trabalho na forja, a têmpera e o revenimento. O segredo da faca é a têmpera, que dá a dureza certa pro aço.
Você pode explicar melhor o que é a têmpera?
A têmpera é quando a gente aquece o aço até uns 800 ou 900 graus e mergulha ele no óleo. Isso deixa a faca dura. Em seguida vem o revenimento, que tira a tensão do aço e deixa ele mais resistente a impactos. Sem isso, o aço ficaria quebradiço.
E o fio da faca? Existe um segredo especial para isso?
O fio depende da geometria. Uma faca pra cortar madeira ou osso tem que ter um fio mais grosso. O que manda é a geometria. E a têmpera mal feita ou o aço ruim fazem a faca perder o fio fácil.
Por que as facas de cozinha costumam perder o fio tão rápido?
O problema é o uso de esponja de aço, água quente, cebola e principalmente as tábuas de vidro. Isso destrói o microfio da faca. O vidro é mais duro que o aço, então vai arredondando o fio.












Qual a melhor forma de afiar uma faca artesanal como as suas?
Para facas artesanais eu indico usar uma lixa d’água bem fina, grão 1500, presa num pedaço de madeira. Passa três vezes de cada lado, em 45 graus. A pedra risca muito, não gosto de usar. As minhas facas são muito duras, então afiadores comuns não funcionam bem.
Quanto tempo leva pra fazer uma faca artesanal?
Levo cerca de um dia pra fazer uma faca do início ao fim. É tudo manual, do jeito que tem que ser. Não pulo processo nenhum.
E os preços? Onde encontrar suas facas?
Hoje trabalho só aqui em Manoel Viana. Tenho algumas peças à pronta entrega e faço sob encomenda também. Uma faca média, com 10 polegadas e cabo trabalhado, sai por R$ 180. Já uma faca com menos detalhes, mas com o mesmo aço, sai por R$ 160. Faço também as bainhas, tudo artesanal.
Você usa também aço de fábrica, além de reaproveitar materiais?
Sim. Por exemplo, tenho uma feita com aço carbono 1070, que vem direto da fábrica. É o mesmo aço usado em discos de arado. A gente faz todo o processo e a têmpera é nossa. Uma faca assim, com cabo especial, bainha com clipe e acabamento espelhado, sai por R$ 200. É um excelente presente, dura pra sempre.
E sobre as facas ornamentais?
A gomai tem várias camadas de aço. A gente junta as chapas, esquenta na forja, bate até soldar e depois revela no ácido. Cada cor na lâmina representa um tipo de aço diferente. É um processo mais complexo, mas o resultado é único.
Onde as pessoas podem conhecer ou comprar suas facas?
Nossa fábrica fica na rua Gomercindo Dornelis, 1535, no bairro Vila Nova, em Manoel Viana. Também estamos nas redes sociais como Cutelaria Almeida, no Instagram e no Facebook. Atendemos encomendas, fazemos reformas e também aceitamos pedidos de revenda.
Para finalizar, qual o seu sonho com a Cutelaria Almeida?
Nosso objetivo é crescer com qualidade. Ainda não somos uma marca famosa, mas queremos ser. Cada faca que eu faço é única. É trabalho com alma.
Para conhecer mais: @cutelariaalmeida (Instagram) ou Cutelaria Almeida no Facebook. Whats: 55 9 9608-5915
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