Nova Esperança do Sul – RS – O tarifaço de 50% anunciado pelo governo dos Estados Unidos atinge em cheio empresas brasileiras com forte atuação no mercado externo. É o caso da Gobba Leather, uma das principais exportadoras de couro do país, que opera a partir de Nova Esperança do Sul, na região de Santiago.
A empresa, que hoje emprega mais de 700 pessoas e tem quase toda a produção voltada ao mercado internacional, já prevê consequências duras. A medida pode causar retração nas vendas, demissões e frear a expansão que vinha acontecendo. Regiões envolvidas na questão dos empregos, além de Nova Esperança, também sentirão esse drama, como Santiago e São Francisco de Assis.
A Gobba Leather exporta para diversos países. Quais são hoje os principais mercados compradores e quais produtos se destacam nessas exportações?
Atualmente, mais de 90% da produção da Gobba Leather é destinada à exportação, o que reforça nosso posicionamento como um player global no fornecimento de couro de alto valor agregado. exportamos para todos continentes, com maior participação mercado Norte-Americano, Europa e China, onde os principais clientes são líderes de mercado, com alto padrão de exigência em termos de qualidade, sustentabilidade e inovação.



Somente no primeiro semestre de 2025, o RS exportou mais de 26 milhões de dólares em couro para os Estados Unidos.
Nossas linhas de destaque nessas exportações são os couros desenvolvidos especialmente para o segmento de estofados premium, com foco em desempenho técnico, durabilidade, toque sofisticado e acabamento sustentável.
Produtos como os couros com tecnologia eProtection, que aliam facilidade de limpeza e alta resistência, e as linhas com visual natural e textura refinada, são altamente valorizados pelos nossos clientes, com a combinação de desempenho técnico e sofisticação que atende plenamente às demandas do mercado norte-americano, especialmente nos segmentos de estofados residenciais e mobiliário corporativo.
Nosso compromisso com a qualidade, rastreabilidade e respeito socioambiental é um diferencial que contribui para a preferência dos nossos clientes internacionais, muitos deles com relacionamentos de longo prazo com a Gobba.
Com o tarifaço anunciado pelos Estados Unidos, que prevê uma taxação de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto, qual será o impacto direto nas vendas para o mercado americano?

Representaria um golpe severo e de impacto direto para as exportadoras de couro do Brasil. Embora, até o momento, não haja confirmação oficial de um “tarifaço” generalizado, a análise de um cenário hipotético como esse revela a vulnerabilidade e os desafios que o setor coureiro enfrentaria em caso de medidas protecionistas dessa magnitude.
Para se ter uma ideia da relevância desse mercado, somente no primeiro semestre de 2025, segundo dados do Comex Stat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o RS exportou mais de 26 milhões de dólares em couro para os Estados Unidos.
O impacto direto nas vendas de uma exportadora de couro para o mercado americano seria multifacetado e predominantemente negativo:
Perda de competitividade e queda drástica nas vendas:
O efeito mais imediato de uma tarifa de 50% seria o encarecimento abrupto do couro brasileiro para os importadores americanos. Esse aumento de custo, muito provavelmente, seria repassado ao longo da cadeia produtiva, tornando o produto final — seja calçado, artefatos, estofados ou outros artigos de couro — significativamente mais caro para o consumidor americano.
Os Estados Unidos, por serem grandes produtores de gado e ainda contarem com alguns curtumes em operação, tenderiam a valorizar fornecedores internos ou recorrer a países não afetados pela tarifa, como México e Vietnã. Nesse cenário, a competitividade do couro brasileiro seria drasticamente reduzida, o que poderia levar a cancelamentos de pedidos e a uma queda vertiginosa no volume de vendas.
Redução da margem de lucro
Na tentativa de não perder completamente o mercado, as exportadoras brasileiras poderiam ser forçadas a absorver parte do custo da tarifa, reduzindo suas próprias margens de lucro de forma expressiva. Em um setor com margens já pressionadas pela concorrência global e pelos custos de produção, essa absorção poderia inviabilizar a operação para muitas empresas, especialmente as de menor porte.
Risco de quebra de contratos e busca por novos mercados:
A imposição de uma tarifa dessa magnitude poderia levar à quebra de contratos de fornecimento de longo prazo. Importadores americanos, impossibilitados de arcar com os novos custos, buscariam renegociar ou simplesmente cancelar acordos, gerando incerteza e perdas financeiras para as empresas brasileiras. A necessidade de encontrar novos mercados compradores se tornaria urgente, um processo que demanda tempo, investimento e a construção de novas relações comerciais.
Impacto na produção e emprego:
Com a diminuição drástica das exportações para um mercado tão relevante como o americano, a produção nacional de couro voltada para a exportação seria diretamente afetada. Isso poderia resultar em redução da produção, ociosidade nas fábricas e, consequentemente, demissões de trabalhadores no setor de curtumes e indústrias relacionadas.
Como essa medida pode afetar a produção da Gobba Leather e a economia regional?
Como falamos, a concretização de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos teria um efeito cascata devastador sobre as exportadoras de couro brasileiras, minando sua competitividade, comprometendo seus lucros e forçando uma reestruturação dolorosa e incerta do setor. A Direção da Gobba se manterá firme aos seus princípios e buscará reduzir os impactos sociais oriundos dessa taxação sem comprometer sua condição produtiva e financeira.
A empresa ampliou recentemente o quadro de funcionários, passando de cerca de 500 para mais de 700 colaboradores, com planos de crescer ainda mais. Esse avanço na geração de empregos pode ser comprometido?
A redução da competitividade em um dos principais mercados de exportação da Gobba pode frear novas contratações e até exigir ajustes, caso a demanda externa seja impactada de forma significativa. Mesmo diante desse cenário adverso, a Direção da Gobba se manterá firme aos seus princípios, buscando reduzir os impactos sociais dessa possível taxação sem comprometer sua condição produtiva e financeira, atuando com responsabilidade e visão de longo prazo sem abrir mão do compromisso com os colaboradores e com o desenvolvimento regional.
Diante desse cenário entre Brasil e Estados Unidos, a Gobba Leather acredita na abertura de novos mercados ou vê espaço para negociação que reduza ou reverta essa tarifa?
A diversificação de mercados e a busca por acordos comerciais que garantam o acesso preferencial a outros destinos se mostram como estratégias cruciais para minimizar a dependência de um único mercado e os riscos associados a barreiras comerciais. A negociação ou redução dessa tarifa se tornará uma pauta prioritária de entidades de classe política e acreditamos que o bom senso prevalecerá. Até lá vamos nos adaptando e buscando opções que viabilizem o negócio.
Acompanhe o NP pelas redes sociais:
- Comunidade no WhatsApp: Clique Aqui
- Instagram: npexpresso
- Facebook: NPExpresso
Fonte: Tribunal de Justiça do RS